Vou embora pra longe, me deixar só.
Não me espere que hoje não volto,
nem amanhã, nem depois.
Eu preciso pensar em nada,
sentir-me absolutamente vazio,
ser ninguém e de ninguém,
apagar meus rastros, vestígios,
sinais, memórias e indícios.
Vou sair à francesa, este filme é de
Hitchcock.
A janela indiscreta não mostra nem
parte do que vivi.
Muito louca a cabeça sonhando o que é
real,
se a felicidade não deixa a dor consumir-me
ao fim.
Vou embora, mas saiba, não estou a
fugir.
Isso tá mais com cara é de Baudelaire.
Eu preciso que tenha muito do que
beber por lá.
Não me espere que hoje não volto,
nem amanhã ou depois.
Fábio Roberto