sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
domingo, 15 de outubro de 2023
ANDAR (Poema 2)
Quero você em meus braços,
Com a força de um vendaval que devasta emoções,
Pra sentir a paz do pós amor, o desejo de reter
Essa paz pra sempre no coração.
Me dê as suas mãos e vem andar.
Não importa cada parada que eu tenha que fazer
Pra descansar as minhas vidas.
Você prossegue, porque sempre farei o impossível
Pra te alcançar.
A intensidade daquela paixão que incendiou o planeta,
Contagiou quem era próximo e abalou os distantes,
Ainda pulsa em mim e talvez te acenda inteira novamente,
porque vejo em teus olhos expressivos, a vontade de viver,
de colocar os pés na estrada da alegria,
vivendo cada gota de liberdade, despojada de amarras
concretas,
flutuando acima do momento, lugar onde só as Musas conhecem
E um poeta feito eu teve um abençoado convite pra entrar.
E conheci esse Céu das Musas, explorei cada centímetro dele,
respirei a atmosfera leve do oásis. Pra nunca mais esquecer.
Tudo muda ao longo do tempo, mas a essência permanece.
Sei que o meu percurso é longo, tanto que dá desespero de
olhar
Um horizonte tão longínquo.
Entretanto, cada abrir dos meus olhos é imprevisível,
Às vezes não sei se já fui ou fiquei,
Esperando a próxima inspiração, o próximo passo, a nova trilha.
Quero você em meus braços, com a força avassaladora do sol,
Que regenera, cura, recupera energias e seca lágrimas,
Espalhando o sorriso dos olhos pros lábios.
E então cantarei esta canção em breve, mais uma que será
tua:
Eu voltei, to dentro, me dê as tuas mãos e vem Andar!
Fábio Roberto 15/10/23
sexta-feira, 13 de outubro de 2023
À Aqueles Meus Olhos
A quem pergunta onde foi parar o meu sorriso,
Respondo que acredito que ele
desceu o rio,
para alcançar o mar onde se misturou
ao Universo.
À agua salgada e sagrada, lugar em
que as energias repunha,
Com vento na cara e chuva leve
regando a alma,
Raios distantes espocando no céu
antes do pôr do sol,
Que sempre nascia imponente e
soberano,
Dourando a natureza e meu corpo outrora
perfeito.
Perfeito é modo de dizer, claro,
Mas pelo menos dava pro gasto,
Pra um jogo de bola, ou a roda de
viola no sarau,
Beber descontroladamente, vivendo
tudo compulsivamente,
Amando respirar a inspiração doada
pela lua e pelas estrelas
Em forma de Musas.
Eu gostava tanto de compor ao
violão, escrever poemas malditos,
Românticos, engraçados,
emocionantes e sérios de chorar.
Então,
Deixe eu chorar um pouco, agora,
por tudo o que vivi e sonhei.
Por tudo que vejo neste planeta
injusto e cruel com os bons.
Ah, e por tanta paixão em meu
coração que às vezes até para de súbito.
Por tudo que ainda tenho por fazer
e sabe deus como farei
E, teimoso, vou tentar, mesmo com
a coragem leonina combalida.
A Juba já está curta aguardando o
que virá
Queria ser muito mais forte do que
na verdade eu sou.
Então eu oro para protetores, guias
e ancestrais, que me ajudem
E ajudem todos e todas que amo
desenfreadamente
O sorriso, já disse, sempre esteve
em meus olhos.
Deixe eu chorar um pouco com eles,
agora.
Fábio Roberto
13/10/23
segunda-feira, 25 de setembro de 2023
CRISTOS
Tinha tanto por fazer e uma pressa
insana,
Agora foram explicados os motivos
Não deu tempo de vencer o tempo
E já não sei qual o meu espaço na
existência
Tinha essa pressa de curtir o
agora,
Sempre com um olho firme no futuro
O outro olho vigiava as costas
Mas, mesmo assim, sucumbi ao
inesperado
Que traiçoeiro se escondeu dentro
de mim
Melhor lugar pra covardia destruir
e aterrorizar
Dor que supera grito, desespero
que a face transfigura
Minando as possibilidades de
defesa e luta prévias
A fé nunca impediu a morte, que
espera a todos boquiaberta
À esperança, não cabe duvidar, mas
há o sentimento de impotência
O trágico é não poder correr e
andar até cansar a alma
E desligar a cabeça da tomada
definitivamente
Por que no fim de uma vida judiar
tanto de um corpo?
Isso é só pra Cristos, eu sou
apenas o pecador ao lado dele, perdão...
O meu coração bate, mas por que
com essa tristeza, meu Deus?
Tenho vontade de chorar por todos
que sofrem seus destinos.
Fábio Roberto
25-09-23
quarta-feira, 23 de agosto de 2023
A PRIMEIRA DA ÚLTIMA SAFRA
A minha voz, já não a tenho forte. Agora,
nem sei qual é a vontade,
de ficar ou ir embora,
de ser a presa,
caçador ou quem me deu a idade
e me deixou sem pressa,
medo, virtude ou vaidade.
E se eu não tiver saudade,
não me traga violão ou lap top,
ou o nascer do sol que irá se pôr
para que o compositor componha.
Ou a lua do poeta que versará sorrisos de netas,
ajudas de amigos, abraços de amigas.
E o olhar quente e apaixonado da Musa.
Faminto desse amor eu sou, eu soube, eu sabia,
mas talvez eu seja as letras que vou juntando
para encontrar e encantar palavras,
e eu não sei qual é a vontade agora,
de subir as escadas ou descer de elevador.
E pergunto a quem gritou “continue” lá do fundo:
“e você acha que eu fiz o quê, desde que nasci?”
Encostado na solidão escura que minha alma encapotada
se encontra,
olhando pro futuro digo que seja fora ou seja dentro
eu não sei.
Nem começou a guerra ainda e depois de tanto tempo a
esperando
eu já me vejo cansado, portanto repito com o máximo de
potência que
restou na minha voz: “eu não sei! Que continue, então.”
Fábio Roberto 23ago23
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Foto: GR
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domingo, 11 de junho de 2023
sábado, 10 de junho de 2023
domingo, 21 de maio de 2023
sexta-feira, 12 de maio de 2023
A TECLA FF
Continuando o desenvolvimento frenético da ciência, com inteligência artificial, androides e mundos virtuais sendo devidamente controlados pelos seres humanos, as viagens no tempo estarão cada vez mais próximas de acontecerem.
Com isso, um dos meus sonhos se tornará realidade, apesar de que já deve ter sido previsto em livros, filmes e séries. Imagine, em um simples toque numa tecla, a FF, que significará Fabio in the Future, assim batizada em homenagem a quem inventará o aparelho, avançaremos pela vida de acordo com a nossa vontade, para evitarmos desagradáveis momentos específicos, que sem isso teríamos que passar.
Exemplo: hoje você vai numa consulta no dentista, fato que já é uma tortura. Se você concretizar o tratamento, o martírio se realiza com os instrumentos mais modernos criados para causar dor e justificados que são necessários para a sua cura. Mas, nesse futuro, utilizaremos a tecla FF, pulando do diagnóstico diretamente para logo depois do pós operatório, acordando totalmente saudáveis e prontos para desfrutar a existência.
Entretanto, como tudo na ciência, o inventor terá que resolver um sério problema. Usando a tecla FF para escapar dos dissabores, tudo aquilo de bom que viveríamos naquele hiato temporal, também estaria suprimido: nascimentos, paixões, festas, vitórias, sucessos, luas de mel, sorrisos...
Para quem tem uma vida pacata, chata e sem graça, essa situação talvez até venha a ser compensadora, mas para quem tem uma vida dinâmica, surpreendente e aventurosa, não é uma situação atrativa, pois valoriza e aprende com cada passagem alegre ou triste.
Cheguei a esta conclusão pensando ontem durante a meia hora em que fiquei na recepção do dentista porque chego cedo, ansioso que sou, e resolvi não fugir. Encarei corajosamente a cirurgia marcada e cá estou, no pós operatório, tentando beber menos, controlar a compulsividade crônica por tudo, esquecer a hiperatividade diária porque não devo fazer atividades físicas mais fortes e sem poder comer alimentos essenciais para qualquer pessoa normal, como queijo parmesão, picanha, batatinha crocante, pipoca, azeitona, torresmo, pizza, bacon e amendoim, entre outras iguarias.
O desconforto é ocasional, eu sei. Que este presente vire passado logo, pois se no futuro breve eu ficar acomodado e me chamarem de velhinho, vou ficar muito puto!
quinta-feira, 11 de maio de 2023
PÉ NA BUNDA OU NA BOCA
As pessoas reclamam quando levam um pé na bunda, mas pé na bunda é suave, amortecido, quase delicado. Duro mesmo é pé na boca. Aí sim é violência. Dentes se espalham, sangue jorra e suja de nossas roupas até as nossas almas. Quando alguém leva um pé na bunda o seu coração palpita acelerado, mas entristecido, fraco, lúgubre. Já quando o pé é na boca o seu coração paralisa, é vácuo naquele instante, mas a adrenalina te faz reagir porque vem a raiva, a vontade de vingança, de dar a porrada de retorno e o sangue que escorreu nos cantos dos lábios é sorvido como néctar estimulante pela língua machucada. O pé na bunda é silêncio, mas na boca é grito. Eu nunca levei pé na bunda, porque sempre o senti como pé na boca. Na bunda é pra quem oferece a outra face. Na boca é pra quem oferece a outra foice.
Fábio
Roberto
terça-feira, 21 de fevereiro de 2023
sábado, 18 de fevereiro de 2023
sábado, 4 de fevereiro de 2023
O CORTE
O CORTE
sexta-feira, 27 de janeiro de 2023
A DOR DO ALÍVIO
Uma das mais disseminadas teorias Fabiais é “A Dor do Alívio”, sensação que surge entre o susto do medo e a alegria do alívio ao escapar de uma perigosa situação, seja ela real ou imaginária. Durante esse processo que pode durar vários segundos, acontece a Dor do Alívio, que precede o alívio propriamente dito, com a força e o poder de um raio penetrando a terra. É uma inexplicável e inevitável sensibilidade que nos percorre desde a alma se distribuindo pelo corpo. Inicia comumente nas unhas dos dedões dos pés, alcançando até os fios dos cabelos que ficam eriçados, bem como todos os pelos do esqueleto vestido de carne. Essa dor sem linimento provoca terrível frio na barriga, arrepio da pele, os olhos esbugalhados de pavor que então lacrimejam cataratas, sudorese acentuada, atividade cardíaca acelerada, paralisação de movimentos, interrupção do raciocínio, contração dos ossos como se eles estivessem sendo esmagados em uma prensa, o sangue alternando temperaturas entre a mais gélida de um iceberg até a mais fervente de um centro de vulcão em erupção, tudo isso culminando com respiração ofegante até o sufocamento. O ser que sofre a Dor do Alívio tem a mesma angústia de um moribundo antes dele dar o último suspiro. Em casos extremos essa dor causa involuntárias diarréias em algumas pessoas mais covardes. Outras acabam se urinando como se fossem bebês. A maioria chora copiosamente de forma descontrolada por muito tempo. E invariavelmente, na iminência de ocorrer o pleno alívio, a pessoa percebe que superou o tormento ou ele nem era tão danoso assim. Mas o desenvolvimento inexorável da Dor do Alíviojá aconteceu.
Segundo Lacan “o homem
sofre por não compreender o medo, entrando em estado de pânico que se
transforma em neurose e esta em histeria, fazendo o corpo adoecer, mesmo que na
realidade esteja saudável.” Para esse estudioso,“na neurose obsessiva não se controla
mais os pensamentos, os objetos adquirem significações diversas e geram medo.”
Para Freud “a angústia vive latente em relação à consciência. Esse sentimento
estaria vinculado a uma descarga manifestada através do distúrbio de uma ou
mais funções corporais.” E como tudo, para Freud, “o mecanismo presente nas
neuroses está associado a uma deflexão da excitação sexual somática da esfera
psíquica e ao emprego anormal dessa excitação. A neurose seria então produto de
todos os fatores que impedem a excitação sexual somática de ser psiquicamente
elaborada.” É necessário transar muito e sempre, eu concluo e tento fazer a
minha parte com afinco.
Estudando esses autores
podemos entender o medo que os homens têm da famosa brochada, algo que jamais
confessam que lhes ocorreu, nem mesmo aos melhores amigos. No meu caso,
felizmente e de verdade, nunca tive tal problema, tendo-o ao contrário, mas
totalmente controlado. Brochada nunca fez parte da minha lista de medos, mas
abstinência sexual sim e constantemente me preocupa. Segue abaixo, sem temor ou
qualquer pudor, a minha lista de medos em ordem de importância aleatória:
- Não conseguir fazer
sexo devido à eventual idade provecta (desejo de morrer antes do fato) ou
desprezo de todas as mulheres do mundo (sintoma de timidez aguda)
- Cortar cabelo (paúra de
que eles nunca mais cresçam e de ficar careca de forma natural ou por doença).
- Dentista/dor de dente
(recomendo leitura do meu conto “Anti-dentistas”).
- Cebola, alho, pimenta e outros condimentos
utilizados de forma indiscriminada nos alimentos como tempero (terror ligado ao
meu paladar apurado e bom gosto incomparável).
- Calor insuportável (clima
de deserto do Saara, sertão nordestino ou Cuiabá me causam pânico).
- Perder a inspiração (pavor
de nunca mais escrever uma linha poética ou melódica, totalmente ligado ao medo
de não mais ter Musas).
- Invasão de pernilongos
e assemelhados (leia o capítulo “Aventura em Trindade” constante na segunda
parte da Fabiografia).
- Ter que ficar quieto e
parado em um lugar sem poder andar pra lá e pra cá, não poder quando sentado
ficar balançando as pernas, nem meditar em movimento ou em caminhadas a esmo
(síndrome da petrificação).
- Não poder mais beber
(horror associado ao possível desaparecimento ou proibição do álcool no mundo,
principalmente cervejas).
- Ter medo (ligado ao
fato de me considerar um super-herói desde a infância).
terça-feira, 3 de janeiro de 2023
A FACE
Chegou o novo ano, onde tudo mudou pra igual a antes,
mesmo a esperança de que tudo mude pra melhor
depois,
e no caso de não existir mudança, haverá uma face
com esperança.
Tanto faz se permanecer mudo o tempo da mudança,
pois a dança irá fluir e instigar a andança
até de quem cansou da esperança, da mudança e da
dança.
Eu não mudo, fico mudo e mudo a mudança,
porque pra mim não sei se há esperança
ou só uma dança de gestos confrontando o espaço
e o tempo, do fim ou do começo da andança
ao futuro, a um novo ano e à mudança
na face da esperança, para o sorriso que lhe
alcança
e descansa.
Fábio Roberto (03/01/23)