domingo, 15 de outubro de 2023

ANDAR (Poema 2)

 Quero você em meus braços,

Com a força de um vendaval que devasta emoções,

Pra sentir a paz do pós amor, o desejo de reter

Essa paz pra sempre no coração.

Me dê as suas mãos e vem andar.

Não importa cada parada que eu tenha que fazer

Pra descansar as minhas vidas.

Você prossegue, porque sempre farei o impossível

Pra te alcançar.

A intensidade daquela paixão que incendiou o planeta,

Contagiou quem era próximo e abalou os distantes,

Ainda pulsa em mim e talvez te acenda inteira novamente,

porque vejo em teus olhos expressivos, a vontade de viver,

de colocar os pés na estrada da alegria,

vivendo cada gota de liberdade, despojada de amarras concretas,

flutuando acima do momento, lugar onde só as Musas conhecem

E um poeta feito eu teve um abençoado convite pra entrar.

E conheci esse Céu das Musas, explorei cada centímetro dele,

respirei a atmosfera leve do oásis. Pra nunca mais esquecer.

Tudo muda ao longo do tempo, mas a essência permanece.

Sei que o meu percurso é longo, tanto que dá desespero de olhar

Um horizonte tão longínquo.

Entretanto, cada abrir dos meus olhos é imprevisível,

Às vezes não sei se já fui ou fiquei,

Esperando a próxima inspiração, o próximo passo, a nova trilha.

Quero você em meus braços, com a força avassaladora do sol,

Que regenera, cura, recupera energias e seca lágrimas,

Espalhando o sorriso dos olhos pros lábios.

E então cantarei esta canção em breve, mais uma que será tua:

Eu voltei, to dentro, me dê as tuas mãos e vem Andar!

 

Fábio Roberto 15/10/23



sexta-feira, 13 de outubro de 2023

À Aqueles Meus Olhos



A quem pergunta onde foi parar o meu sorriso,

Respondo que acredito que ele desceu o rio,

para alcançar o mar onde se misturou ao Universo.

À agua salgada e sagrada, lugar em que as energias repunha,

Com vento na cara e chuva leve regando a alma,

Raios distantes espocando no céu antes do pôr do sol,

Que sempre nascia imponente e soberano,

Dourando a natureza e meu corpo outrora perfeito.

Perfeito é modo de dizer, claro,

Mas pelo menos dava pro gasto,

Pra um jogo de bola, ou a roda de viola no sarau,

Beber descontroladamente, vivendo tudo compulsivamente,

Amando respirar a inspiração doada pela lua e pelas estrelas

Em forma de Musas.

Eu gostava tanto de compor ao violão, escrever poemas malditos,

Românticos, engraçados, emocionantes e sérios de chorar.

 

Então,

Deixe eu chorar um pouco, agora, por tudo o que vivi e sonhei.

Por tudo que vejo neste planeta injusto e cruel com os bons.

Ah, e por tanta paixão em meu coração que às vezes até para de súbito.

Por tudo que ainda tenho por fazer e sabe deus como farei

E, teimoso, vou tentar, mesmo com a coragem leonina combalida.

A Juba já está curta aguardando o que virá

Queria ser muito mais forte do que na verdade eu sou.

Então eu oro para protetores, guias e ancestrais, que me ajudem

E ajudem todos e todas que amo desenfreadamente

 

O sorriso, já disse, sempre esteve em meus olhos.

Deixe eu chorar um pouco com eles, agora.

 


Fábio Roberto

13/10/23

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

CRISTOS


Tinha tanto por fazer e uma pressa insana,

Agora foram explicados os motivos

Não deu tempo de vencer o tempo

E já não sei qual o meu espaço na existência

 

Tinha essa pressa de curtir o agora,

Sempre com um olho firme no futuro

O outro olho vigiava as costas

Mas, mesmo assim, sucumbi ao inesperado

 

Que traiçoeiro se escondeu dentro de mim

Melhor lugar pra covardia destruir e aterrorizar

Dor que supera grito, desespero que a face transfigura

Minando as possibilidades de defesa e luta prévias

 

A fé nunca impediu a morte, que espera a todos boquiaberta

À esperança, não cabe duvidar, mas há o sentimento de impotência

O trágico é não poder correr e andar até cansar a alma

E desligar a cabeça da tomada definitivamente

 

Por que no fim de uma vida judiar tanto de um corpo?

Isso é só pra Cristos, eu sou apenas o pecador ao lado dele, perdão...

O meu coração bate, mas por que com essa tristeza, meu Deus?

Tenho vontade de chorar por todos que sofrem seus destinos.

 

Fábio Roberto

25-09-23