quinta-feira, 30 de novembro de 2017

NÃO TENHO TEMPO


Estão todos dormindo
Mesmo quando despertos
Ou pelo menos fingindo
Que estão vivos e espertos
Dizem que o tempo é implacável
Que falta mais que dinheiro
Desculpinha insustentável
Na boca de loroteiro
Fábio Roberto
Foto spiderpic

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O GOL

Tuas pernas duas traves
Tiro livre e direto ao gol
Sem travas ou entraves
Sagrada melodia soul
E posso dizer: que golaço
No copo e no corpo do amor
Agora é correr pro abraço
Vibrando feito goleador
Fábio Roberto

O GOLE

Foi um gole abençoado
Raro, único, maduro
Explicá-lo me aventuro
Um gole a ser admirado
Um prazer antecipado
Derradeiro e prematuro
Como rebento nascituro
Sedentamente desejado
Fábio Roberto

terça-feira, 28 de novembro de 2017

A GULA

Eu te bebo e engulo toda
com sede e fome de animal.
Uma volúpia incômoda,
imensa, desproporcional.
Gula feita de pecado.
Puro desejo sexual.
Revel, indomesticado,
célere, rangente, anormal.
Fábio Roberto

A GOLA

O meu casaco rasgado
Roto, com um grande furo
Puído, sujo, obscuro
Feito coração despedaçado
Vazio de lãs, descosturado
De esperanças, pão-duro
Murmúrio grave que amarguro
Colar que enforca um apaixonado
Fábio Roberto

ILUSÃO

Aí perco o sono, tudo é silêncio, principalmente dentro de mim onde nada estou acontecendo. Porque meu amor não está aqui dormindo, cansada, exausta de paixão. Fico um vazio, inerte palidez de alma, triste porque não me sinto mais doer nem saudade. Procuro um som na paisagem da janela, mas só há murmúrios difusos no escuro da madrugada. Penso ouvir tiros, gemidos de alguém fazendo sexo, gritos de truco, filme passando em televisão, um canto de melodia melancólica, gato miando, cão uivando sem lua no céu, não há céu, não há mundo, nem olhos pra esse nada enxergar. Só queria dormir a mente cansada de existir esta vida, quando lembro que eu já disse que "dormir é a ressaca da vida e o aperitivo da morte"... tudo não passa de ilusão. tudo não passa. tudo não. tudo. tu. Ilusão. 

Fábio Roberto

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

LEXOTAN, CANNABIS, BALLANTINE’S, MORFINA, CICUTA...


Nada aplacou a insuportável dor na execução da Juba daquele que era o Faroberto.

Cada fio de cabelo derramado ao chão estendeu a agonia, que se prolongou por um tempo impossível de ser medido em parâmetros terrenos.

Está submersa em mim a inspiração para sorriso, poesia ou música. Porque ao olhar a vida como ela é não há futuro, não há vida e nem mesmo olhar. Disse eu em uma antiga letra de canção que “...a vida não se enquadra aos olhos de quem a vê. De quem a vê.”

Eu nem me enquadro em mim mesmo. Agora nem me habito ou vejo. Apenas vou andando novamente sem exclamação interrogação vírgulas ou ponto final

Reticências


Fábio Roberto

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

LIVRO DOUTRINÁRIO

Ao saber que eu conclui momentaneamente a Fabiografia - Uma Autobiografia Não Autorizada Pelo Próprio Autor, Leandro Henrique sugeriu que eu escrevesse o meu Livro Doutrinário, cujo título ele definiu como FABÍBLIA!


terça-feira, 21 de novembro de 2017

MOMENTO


Esta noite não vou postar palhaçadas, poemas agoniados, frases espirituosas, netinhas brincando, músicas, fotos de cervejas porque a Sede nunca acaba, elogios pra mulher amada, desprezos às mulheres que amei e não amo mais,críticas de filmes ou séries, churras, saraus, gozações sobre os amigos, textos libidinosos ou malditos, eventos com libações alcoólicas, execrações a políticos ou outros tipos de raças sub-humanas etc. Estou em momento introspectivo e ponto.
Faroberto

ATENÇÃO, ATENÇÃO

Informo aos amigos e amigas que a sentença de execução da juba farobertiana proferida na semana passada dentro da Operação LEVA JEITO, foi confirmada.
Hoje, numa profunda preparação espiritual e psicológica, foram cortados o basto bigode e a espessa barba.
Caso a apelação feita ao STF não consiga deferimento, o implacável suplício será consumado entre quinta feira e sexta feira, em cerimônia restrita aos amigos e amigas que pagarem cerveja depois.
Faroberto

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

ESCRITAS

Eu escrevo palavras tortas, em linhas retas e mortas.
Apago longínquas memórias, rasgo páginas e histórias.
Cerro os olhos, fecho as portas, seco o sangue das aortas,
surdo a rezas, rogatórias, tempestades peremptórias.
Eu escrevo sem sentido, sem ter tido, sem ter ido,
porque sempre soube e não coube ou não houve, me ouve:
seja o meu verso o inverso perverso, que a vida louve
uma poesia ter sido, ter lido, ter sentido...
Fábio Roberto

sábado, 18 de novembro de 2017

O ESTERTOR DA POESIA

Não sei por que eu teimo e escrevo
Talvez da poesia eu seja escravo
Juntar algumas sílabas me atrevo
Dedicando à vida um desagravo

O sentimento surge logo cravo
Nem sei de onde vem, só o transcrevo
Se for suave dramatizo e agravo
Se for maldito e bravo só descrevo

Se me acabam as rimas, modifico
Pena que não é assim com a vida
Penso que estou, nem fui nem fico
Alma vagueando numa ermida

Ah palavra, agora eu te hiberno
Presa, ficarás em minha cabeça
Queimaremos juntos neste inferno
Até que a consciência desfaleça


Fábio Roberto

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

CELEIRO

Pouco de mim resta-me inteiro.
Colo-me aos pedaços de minhas sobras.
Sem gabaritos, linhas, elos, dobras,
reconstruo-me com esmero de engenheiro.

Em cada parte no revés do chão jazia,
mas fui me recolhendo da poeira.
Faxinei-me até toda a sujeira
da frustração, sobrar-se íntima e vazia.

Nada mais existo além de vida.
Meus olhos os que fitam-me primeiro,
diamantes garimpados na jazida,

aprovam-me no espelho do meu rosto.
Minh’alma recupera-me em seu posto.
Retorno-me discreto ao meu celeiro.


Fábio Roberto

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

HORA DA DESPEDIDA

Adeus.
Chegou a temida hora. Tristeza. Não há como voltar atrás.
Em breve subiremos ao cadafalso, mas ficamos juntos um bom tempo. Passamos momentos difíceis e outros felizes. Sonhamos e vivemos a nossa estória.
É muita dor, mas a separação é necessária e inevitável. E a ruptura tem que ser assim como a morte sempre é: abrupta, violenta e impiedosa!
Ficarão a saudade e a memória gravadas na alma e registradas pelas fotografias.
Agora só me resta orar para que vocês, após cortados, renasçam e cresçam fortes novamente, meus queridos cabelos!
Que a juba leonina volte a preencher rapidamente a cabeça do estranho que me olhará do espelho.
Fábio Roberto


domingo, 12 de novembro de 2017

BODAS COM A LOUCURA

Quero que o silêncio paire
E assombre qualquer palavra
Que impeça que eu desvaire
Mesmo as de minha lavra
Mesmo as de outras bocas
Sejam intensas, sejam ocas
Mesmo que elas me provoquem
Que me afaguem ou me soquem
Quero que o silêncio assuste
A palavra que me ajuste
Que não deixe que eu descambe

E neste túmulo sambe
Mesmo a palavra pura
Que de um câncer seja a cura
Mesmo que definitiva
Seja amável ou aflitiva
Quero que o silêncio espante
A palavra mesmo que marcante
Mesmo a mais tranquilizante
Ou a que soe retumbante
Mesmo a que seja materna
Ou como a luz de uma lanterna
Como a de um pai pra um filho
Ou venenosa se de um deus caudilho
Quero que as palavras morram todas
E levem o meu silêncio insuportável
Festando com a loucura estas bodas
Eternas em um caixão desconfortável


Fábio Roberto

depositphotos

sábado, 11 de novembro de 2017

ALMA

Saudade é a fome da alma de quem ama.
É a tristeza aguda do final de um drama.
Não há remédio ou cura, pois não é doença.
Não lhe move fé, misticismo ou crença.
Saudade é a fome da alma nunca saciada.
É fissura e dor pulsante de uma viciada.
É sentir-se do avesso dentro de uma roupa.
É desejar morrer quando a morte, vil, te poupa.
Saudade é não abrir os olhos e ainda ver,
a imagem cristalina do que não vai viver.
É liberto acorrentar-se à antiga cama,
pra sempre insone. Fome da alma de quem ama.
Fábio Roberto

imagem tripadvisor

POEMA SUAVE

Sóbrio eu não existo em minha cabeça. A minha cabeça passeia longe de mim.
Sóbrio a realidade é muito pior, porque a cabeça não descansa. E eu não sei aonde escondo o cansaço.
A inteligência, a criatividade, a sensibilidade e a pressa se aguçam se eu estou sóbrio e isso é cruel. A alegria se torna tão extrema quanto a melancolia.
Sóbrio, todas as drogas que já usei se acendem em mim violentamente. Penso de forma mais ousada, tenho vontade de voar o carro naquela estrada mesmo que o carro se arrebente. Prefiro até ir sem freios.
Sóbrio os poemas são mais agressivos, as músicas mais encrencadas... a palavra deixa de ser irônica para ficar sarcástica e amarga.
Sóbrio eu arrisco tudo: a vida, o amor, a amizade, a família, o trabalho. Fica tudo nublado, tudo escurecido, percebo que as pessoas são muito mais ridículas do que o normal.
Sóbrio eu tropeço na minha alma. Quero que os demônios e os deuses morram abraçados. Eu mergulho nas viagens mais profundas do bem e do mal. Não há mais o certo e o errado. Não tenho medo de nada. Desrespeito qualquer lei, dogma, regra, contrato, convenção, norma ou acerto. Nada me segura. Nada me impede. Perco completamente o medo e os limites quando estou sóbrio.
Sóbrio eu não me olho no espelho porque não estou lá. Estou do lado de fora de mim. Sozinho como o mais miserável dos pecadores. Sozinho porque não vou compartilhar este momento de lucidez ensandecida com ninguém.
Quando eu voltar desta paisagem sombria e selvagem talvez renasça em um poema suave. Palavras e cenas que os teus e os meus olhos gostarão de ler e ver. Ou esquecer.
Fábio Roberto

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

DESA-BAFO

Este momento é tão desagradável,
que até o meu desa-bafo cheira mal.
Por ser efeito e causa do odor
de uma palavra amarga: dor.
Mas a palavra é biodegradável,
assim como amar não é normal
para um lobo da estepe verdadeiro,
que ronda a podre sociedade humana,
devorando as reses e os cordeiros
e saciando a sede que o dana.
Eu sou este leão, perdi o meu bando.
Felino velho, solitário e selvagem.
Ferido, espreitando a paisagem
e sabendo, o caçador está chegando.
Quem sabe seja então o dia da caça
e o predador sinta a força do meu beijo.
E peça a mim num último desejo,
que o mate logo pra que logo ele renasça.
Soprarei meu bafo renovado em uma brisa,
com cheiro de chuva molhando a terra.
Uma criança será minha algoz e minha juíza,
com a inocência de um deus que nunca erra.
Fábio Roberto


quinta-feira, 9 de novembro de 2017

A PRESSA

A vida não tem pressa.
Pressa mesmo tenho eu.
Saiba que o futuro aconteceu
e foi bom, foi bom à beça.
Ser devagar a mim não peça.
Momento ruim se escondeu.
Eu quero a calma às avessas,
vivendo aquilo tudo que foi meu:
o dia que ainda não chegou,
a noite que ainda nem perdi.
Não sei se o tempo será ou se passou,
nem sei se nasço, vivo ou já morri.
Fábio Roberto

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

FINADOS

Quem é morto sempre aparece
Nas lembranças de uma saudade
Basta fazer uma prece
Basta querer de verdade
O vivo é quem desaparece
E assombra com sua maldade
Mas desse qualquer um esquece
Nem lhe sobra piedade
Isto é o que acontece
Eu te conto por amizade
Tem vivo que ao inferno desce
Tem morto no céu, majestade!
Fábio Roberto

terça-feira, 7 de novembro de 2017

O POEMA NOVO

Fiz este poema em 2008. Sempre novo.
O POEMA NOVO
A minha prioridade não é mais você.
É uma pena, mulher dos meus sonhos.
Mas como um poeta que não dorme pode sonhar?
Como pode se iludir se a realidade é tão simples.
Nascemos em quais planetas?
Crescemos em quais paisagens?
Onde vivemos as nossas aventuras?
Quando os nossos passos se cruzaram?
Nossos corpos se completaram antes que as nossas almas se reconhecessem.
Foi isso... foi isso... foi isso...
Os nossos olhares se fundiram naquele momento em que o tempo sorriu.
Foi o meu desespero ou o teu?
Foi a tua ou a minha mão que nos puxou para um abraço tão poderoso?
Qual a boca que nos engoliu pelos dois?
Qual o sexo que transbordou primeiro?
Eu, um fogo ora brando ora abrasador, te quero como quero a vida.
Nasci poeta melancólico e palhaço.
Como podem habitar os dois ao mesmo tempo em mim?
Mar ora revolto ora tranqüilo, você me ama e dispensa este amor eterno.
Que vida você terá sem um amor de tal intensidade?
Como pode habitar ao mesmo tempo em ti a minha presença e a minha ausência?
Porque você experimentou a minha força. Conheceu até a minha covardia.
E eu experimentei o sabor dos teus desejos. Até aqueles que só eu gostei.
Eu te sei antes dos teus gestos. Eu te sei antes de tuas lágrimas surgirem.
Eu te sei antes das palavras te fluírem. Antes que imagines algo, te sei.
E tu me sabes tanto, tanto, tanto, que me desprezaste hoje sem querer.
Mesmo sabendo que irás sofrer. E que terás uma saudade insuportável.
Estou olhando para a linha do horizonte e não sei se estou vendo você.
Você está me vendo? Se estiver, minha linda, cante, cante para eu te encontrar.
Eu te alcançarei com meu violão vagabundo, meu tênis velho, meu cabelo bagunçado, minhas roupas surradas, meu coração cansado e o poema novo que fiz pra você.
Fábio Roberto

DO ADVOGADO AO JUIZ

Tempos atrás fui acusado de relacionamento com mulheres comprometidas. Mesmo não sendo advogado resolvi exercer o direito de auto defesa, indignado por sofrer tamanhas injúrias, calúnias, aleivosias e difamações. Esta foi a peça por mim produzida, que hoje consta nos anais (sem conotação sexual) dos tribunais brasileiros, jurisprudência ainda hoje utilizada para inocentar outras pessoas vilãmente injustiçadas.
DO ADVOGADO AO JUIZ
Meritíssimo Dr. Desembargador,
Data vênia dirijo-me a este ilustre magistrado, solicitando a priori ab-rogação deste actio. Deste actio, não o actio sexual.
Ad causam do réu peço aditamento neste agravo, apontando injusto arresto. Agora é tarde.
Há atenuantes nesta citação, contra juz, contra legem e contratura (Aplicaram o kama Sutra sem alongamento).
Por que não se atentou ao contraditório? Ex adverso, as mulheres não foram ouvidas por liberum arbitrium vitae.
A quem cabe o ônus da prova? Ao anus? Há anos é quaestio facti.
Necessário se faz desprover esta denúncia, cuja lide deve observar a ausência de dolo ou busca de emolumentos através das paixões envolvidas.
O réu alega usucapião para resguardar os seus direitos junto a todas as mulheres citadas neste fórum.
Aos namorados de ficta possessio resta após esta facta concludentia, ex tempore encerrar esta denunciação caluniosa in honoris causa.
Pleni jure rogo a este tribunal placitar a liberdade do réu nesta petição, segundo o sanctio juris e o sanctio tesão.
Sine qua non considerar res judicata esta ação, fato pelo qual o requerido solicita extinção do processo.
Ex bona fide e por consensus ominiuim, de jure publico assim que absolvido o inocentado aguardará as moças na saída, permissa vênia.
Faroberto

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

SEXO: QUANTIDADE E QUALIDADE

sexo uma vez por ano é absurdo,
uma vez por mês é ridículo,
uma vez por semana é pouco,
três vezes por semana é normal,
todo dia é vício,
três vezes ao dia é tara,
três vezes ao dia com parceiras diferentes em cada vez é devassidão,
três vezes ao dia com três parceiras diferentes em cada vez é perversão.
sexo bem feito é raro.
sexo ruim é melhor do que nenhum.
sexo é melhor do que viver.

Faroberto

domingo, 5 de novembro de 2017

RAP DO MORALISTA

Eu fui convidado pra uma noite de sexo.
Achei a estória estranha, parecia sem nexo.
Não houve conversas, nem preliminares,
carinho, envolvimento, troca de olhares.
Será que estou por fora, velho, ultrapassado?
Agora não é preciso ser apresentado?
“Oi linda como vai, você vem sempre aqui?”
Hoje é “nossa, que abusado, tira a mão daqui!”
Não rola conquista, não existe paquera,
o tal do romantismo está esquecido em outra era.
Agradecendo a sorte fiquei lisonjeado,
era mulherão pra me deixar apaixonado.
Mas subitamente surgiu outra donzela,
que veio desfilando deslumbrante e bela.
Perguntou-me displicente, natural, faceira,
se podia também participar da brincadeira.
Confesso que na hora fiquei sem ação.
Duas beldades, meu deus, que tentação!
Será que dou conta? Estaria em forma?
Pensei, “já faz um tempo que não quebro a norma.”
Eu já não conseguia esconder o tesão.
Quem manda ser casado e viver na prisão?
Haveria que encarar o risco da aventura.
Recusar essa parada seria loucura.
Aí a consciência traiçoeira me lembrou,
que do jovem maluco nada mais sobrou.
Tornei-me um cara sério, de família, comportado.
Camisa social, cabelo bem cortado.
Mas dispensar as moças feito um moralista,
disfarçando o membro ereto pra não dar na vista?
Isso não acontece toda hora, todo dia.
Uma anjinha e uma santinha... eu que virei vadia.
Eu tinha que contar ao mundo esta façanha,
saciei os meus caprichos de tara tamanha.
Como disse sabiamente o Grão Mestre Vinícius,
o lobo perde os pelos, mas não perde os vícios...
Faroberto
Do “Blog do Poemas Brabos” em priscas eras



sábado, 4 de novembro de 2017

Carta de Poeta Suicida

a vida segue o seu rumo. portanto, não tem culpa de nada, culpado é o rumo. a vida é um simples roteiro de novela. não é literatura nobre. a vida fica tão estupefata quanto os seus personagens a cada cena rodada. a vida é a metalinguagem da eternidade. tudo muda na vida, mas a vida é sempre a mesma. ela não tem uma face. não tem corpo próprio, é uma incorporação. a vida é uma alma percorrendo ora o limbo, ora o olimpo sem estar ou ficar em lugar algum porque está em todos. é muito difícil ser a vida, sempre insatisfeita com ela mesma porque sabe que poderia ir muito longe, mesmo não sabendo aonde ou quanto. por isso a vida e só a vida não teme a morte. não existe sem ela. a morte é o pulmão da vida. sem a morte a vida seria apenas tristeza. perderia a graça, o mistério e a beleza. por isso morro agora. assim eu volto a ter graça, terei algum mistério, quem sabe alguma beleza. poesia certamente não possuirei mais para não ser triste nem ter felicidade efêmera. poesia é morte, lágrima nos olhos e sorriso no canto da boca da vida sem face.

Faroberto


SILÊNCIO

Meu violão ficou sem cordas,
mas eu que perdi a fala.
Palavras vieram, hordas,
juntei-as numa cabala,
segurei-as pelas bordas:
o poeta um dia se cala.

Fábio Roberto