segunda-feira, 31 de julho de 2017

FOTOGRAMA

E naquele momento em que eu estava morrendo não passou um filme na minha cabeça. Nem um curta, nem um longa, nem uma série, ou musical, comédia, drama, aventura. Nem Fim foi escrito nos letreiros frente aos meus olhos. Nada vi. Simplesmente morri no filme tão lindo que nem existiu. Era um romance...

Fábio Roberto

RESUMO

Para mim a vida se resume em música e poesia. Alegrias e tristezas, esperanças e decepções, problemas, soluções. Meus filhos, pais, netas, cães, amigos, a mulher amada. Todos viraram música e poesia. Quem não gosta de mim ou de quem desgosto? Viraram música e poesia. Renascimento? Poesia. Morte? Música. Como é maravilhoso poder entender e resumir algo tão intenso, simples, confuso, apaixonante, denso, suave, sonhável, realístico, etéreo e palpável como a existência passageira e eterna em música e poesia.

Fábio Roberto

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Do Livro dos Destinos - DESTINOS

O poeta escreve o que vive, o que gostaria de viver, o que sente, o
que sentirá, o que vê ou irá ver, o que passou, o que sabe e o que
nunca saberá.

O destino do poeta é buscar as palavras mais bonitas, perfeitas e
simples para reproduzir a emoção de viver e amar.

Hoje, especialmente hoje, só neste instante, neste milésimo de
segundo e nunca mais talvez, não tenho vida para escrever, não
gostaria de viver nada, nada sinto ou sentirei, nada vejo ou verei,
nada passei, nada sei e nada soube.

Um poeta assim é um poeta sem palavras e ironicamente um
poeta sem palavras nem mais poeta é para poder reproduzir a
emoção de viver e amar.

Então encerro agora todos os destinos com o meu, o meu destino
de ser sem destino. E como não tenho destino algum, nem palavras,
calo minha voz e fecho os meus olhos.

Vou me deixar conduzir para onde o vento leva as folhas que
caem das árvores. Irei junto como uma folha de papel em branco.

Quando outro vento qualquer, por um capricho do destino, me
trouxer de volta, serei poeta de novo e trarei palavras vivas em
minha folha de papel.

Destinos...



Fábio Roberto



Do Livro dos Destinos - LÁTEX

A vida é um elástico.

Você pode com ele prender cabelos ou grana, por exemplo.
Pode utilizá-lo como arma que atinja alvos para machucar ou feito
catapulta que faça um aviãozinho de papel voar sonhos de
crianças.

De repente vira uma pulseira se o pintarmos bem colorido.
Ou é apenas um elástico insípido numa caixinha cheia de elásticos,
depositada numa escrivaninha qualquer.

Mas essencialmente continua totalmente flexível.

Parece com os nossos sentimentos em relação ao cotidiano.
Êxtase. Desespero. Alegria exacerbada. Depressão profunda.
Decepção. Esperança.

Tristeza é ser estático. O futuro é dinâmico sempre e pra sempre.
O agora já está passando.

Respirar é tempo imprevisível. Melhor que seja assim.
A vida ser um elástico.

Fábio Roberto

Do Livro dos Destinos - LONGEVIDADE

Se não existir pelo menos um olhar para admirar a paisagem,
tanto faz que seja bela ou disforme.
Será uma paisagem, apenas, uma paisagem qualquer ou nem
mesmo paisagem.

Assim como a minha vida sem você.
Tanto faz que seja lúgubre ou venturosa,
rotineira ou súbita.
Não importa a longevidade.
Será uma vida, apenas, uma vida qualquer
ou nem mesmo vida.

Saudade.


Fábio Roberto

Do Livro dos Destinos - VIDAS

Gatos devoram ratos. Se os gatos têm sete vidas e cada vez
aparecem mais ratos do que gatos é óbvio que os ratos têm catorze
vidas.

Nesse caso, se perguntarem para um condenado à morte por
crimes hediondos se ele é um homem ou um rato, certamente ele

preferirá dizer que é um rato.

Do Livro dos Destinos - IMAGINAÇÃO

Voar era só para os pássaros até o homem
dar asas à imaginação.
Se os pássaros derem imaginação às asas,
os homens os alcançarão?
Fábio Roberto

Do Livro dos Destinos - Árvore

Uma árvore seca, sem folhas, é sombra da sombra que fazia.

Mas a sombra da árvore não é a árvore, não existe sem ela, não tem raízes.

Uma árvore seca continuará sendo uma árvore até morrer, como um homem velho, árvore seca, sombra da sombra, terá sempre a raiz fincada em sua estória de homem.


Fábio Roberto

Do Livro dos Destinos - Bola

Uma bola é assassina para a vidraça.
Para o menino a bola é brincadeira.

Se a brincadeira do menino for chutar a bola na vidraça,
o menino será assassino também.

À vidraça restará esperar a morte e renascer vidro blindado.


Fábio Roberto

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Do Livro dos Destinos - FUSÃO

Um mar, através das suas ondas, viaja pelo planeta até as areias de uma praia. As ondas são a alma desse mar e as areias a alma dessa praia.

As ondas às vezes chegam violentas e cobrem as areias da praia num intenso beijo, ondas, beijo, ondas, beijo, ondas...

As areias, quando isso acontece, calmamente passam a ser o chão do mar e desaparecem para as visões superficiais, mas estão lá, mesmo submersas.

A praia, o mar e suas almas se entendem, se completam, se confundem, para se fundirem num só.

Poucos homens, mulheres e suas almas se compreendem, se respeitam, se amam e se fundem feitos a praia e o mar.



Fábio Roberto 

Do Livro dos Destinos - CATAVENTO

Um catavento sem vento nenhum não tem qualquer sentido.
Um homem sem nenhum amor tem uma vida sem sentido.

Uma leve brisa movimenta o catavento e então ele passa a ter vida e sentido. Um homem ao conhecer o amor sorri e passa a ter uma vida com algum sentido.

Um catavento gira em plenitude quando venta forte. Um homem vive em plenitude quando ama intensamente.

O catavento, quando venta um tornado, voa e gira com ele, mistura-se ao vento e deixa-se levar ao céu. O homem, quando vive uma paixão, descobre porque vive, vive a essência da vida, torna-se a própria vida.


Pena que um homem sem amor e paixão possa com um simples assopro fazer girar o catavento...


Fábio Roberto

terça-feira, 25 de julho de 2017

Do Livro dos Destinos - Pedra

Uma pedra não tem vida, não tem coração.
E corações de pedra, então, também não têm
vida.
Quem atira a primeira pedra não tem nem
coração de pedra, porque atira a pedra e o
coração juntos.
E sem pedra, coração e vida nunca entenderá
o destino ser apenas uma metáfora.

Fábio Roberto

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Do Livro dos Destinos - Gaiola

Uma gaiola com pássaro dentro é cruel.
Uma gaiola sem pássaro nenhum é imbecil.
Triste o destino de uma gaiola:
ser cruel ou imbecil quando só queria ser gaiola.
Fábio Roberto

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Do Livro dos Destinos - AMIGOS

O cão é o melhor amigo do homem e só precisa de carinho
brincadeira, comida, água, passeio e cuidados com a saúde 
para ter uma vida feliz.

O homem não é o melhor amigo do cão, nem é o melhor amigo do
próprio homem.

Ao homem a felicidade não chega por nunca estar completa,
tamanhas são as suas necessidades e anseios.
Falta permanentemente alguma coisa.

Ao cão, que não raciocina mas sabe não ser dono de nada,
a angústia vem ao perder o dono.

Ao homem a angústia vem ao pensar ser o dono da razão
e porque não entende, como o cão, que não é dono de nada.


Fábio Roberto

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Do Livro das Frases, Questões e Trocadilhos

Mulher
Uma mulher é importante mesmo para você quando ela nem te faz falta, faz pênalti!
Sono
Dormir é a ressaca da vida e o aperitivo da morte.
Aperto
Para quem está com diarréia mais vale um penico do que um banquete.
Faminto
Para quem está com fome mais vale um ovo estrelado do que um céu idem.
Otorrino no Teatro
Cera ou não cera, eis a questão!
Depende
Quando eu otimista posso. Quando pessimista poço...
Depois da Chuva
A quem interessar, poça.
Nosso Tempo
O Tempo é Relativo. A Falta de Tempo é Absoluta.
Bebum
Vaca bêbada é que é esperta: vai pra breja e não pro brejo.
Páscoa
O coelho não briga quando está em páscoa coelha.
Alfândega
Quanto mais se vive mais se apreende.
Pés
Meias verdades vestem pés atrás.
Futuro
Se o futuro a Deus pertence, quem está cuidando do presente?
Vida
Sexo é melhor do que viver.
Pneumonia
A tosse é o pulmão cagando.
Batida
Se o galo bater a cabeça nasce uma redundância...
Solução
Seja otimista. Os seres humanos têm solução sim: a extinção!
Sacanagem...
É na hora de pagar a puta o cara ficar puto.
Conveniência
Até para um machista tem hora que mais vale um rei do que uma dama.
Saara
Num deserto de idéias, criatividade é miragem.
Futebol
Quem tem pressão alta não deve exagerar no futsal.
Lema de Puteiro
Aqui se faz, aqui se paga.
Problema
Você deve encarar o problema de frente, a não ser dor nas costas.
Padre
Celibato punhetas!
Ironia mesmo...
É um bombeiro morrer e ser cremado.
Fábio Roberto

quinta-feira, 13 de julho de 2017

INSANO

Insano é o coração que nega o que sente
Por isso dizem que eu nem pareço gente
Sou mesmo um selvagem, forasteiro bicho
Que se apaixona inteiro, incondicionalmente
De jeito perigoso e talvez doente
Jogando sociedade e convenção no lixo

Mas se fechar os olhos e estiver me vendo
É desejar o amor e deixá-lo doendo
Escrevo, canto e se duvidar desenho
Em ti a tatuagem por sobre o remendo
Da alma machucada e quem sabe me lendo
Verás que sou assim e é tudo o que tenho


Fábio Roberto