segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

MIJO E PAIXÃO

Houve o tempo de belo regozijo
Quando então aproveitamos o ensejo
De executarmos um humilde mijo
Reconfortante, denso e benfazejo
Ah, o mijo quente que nos abandona
Deixando o frio veículo em mãos
Um pênis murcho que perdeu a dona
Do liquido filtrado pelos rins irmãos
Mas existe festa onde houver bexiga
Aliviada de excretos eliminados
Tal qual uma criança com lombriga
De estômago e olhos saciados
Privada ungida pela urina amiga
Descarga de ureteres apaixonados
Fábio Roberto

sábado, 27 de janeiro de 2018

O SOL DAS FALÉSIAS DE PIPA

Cada um tem o sol que merece.
Tem sol de gente que só faz prece.
Tem tênue sol, longe, apagado.
Sol vermelho pra quem tem pecado.
Tem sol que queima feito uma paixão.
O do amor que foi, sombras, ilusão.
Sol que alimenta e aquece.
Ou te derrete, seca, fenece.
Tem sol tímido, das nuvens atrás.
Tem sol vibrante, pra trazer a paz
O sol com chuva, confusão no céu.
Sol de criança, bola no papel.
Sol do deserto mata, dói, peste...
No inverno, que se manifeste
Acordam todos no lado leste
Poentes, dormirão no oeste.
Diferente o sol das Falésias.
Arde sem arder, brilha sem queimar
Ninguém o conhece, amnésias...
Nasce nas pedras pra morrer no mar.

Fábio Roberto


quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

ABORTO

Sou saudade e ainda não morri,
porque esta é uma verdade
que ainda não vivi.
Nada sinto.
Nada digo.
Nada além de nada.
Uma espera.
Uma esperança.
Uma vida perdida à dor de nascer.

Fábio Roberto


terça-feira, 23 de janeiro de 2018

JARDIM SOMBRIO

Essas flores
em meu corpo
a despetalar,
doce aroma
em podres narizes
irão exalar.
Corpo murcho.
Flores tão belas
para enfeitar...

Fábio Roberto


domingo, 21 de janeiro de 2018

ROGATÓRIA

Eu não sei como termina a história,
quem foi que leu?
Onde o poeta o último verso
não escreveu?
Qual distraído coração perverso
entardeceu?
Quem o destino foi luto? Quem glória?
Quem escolheu?

Quem saberá o começo da história,
como se deu?
Como se amaram se eram o inverso,
quem percebeu?
Como deixaram o amor submerso,
quem o perdeu?
Qual o final? Faço uma rogatória:
qual que morreu?

Fábio Roberto
(2007 música perdida)



imagem wordpress

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A LIBERDADE E O FOGO


Voar, o céu é sempre diferente.
Liberdade voa, atoamente,
pelo prazer sincero, flutuar.

Voar, o movimento imprevisível
do vento, vôo impossível
pra quem ao chão, estático, se habituar.

Sobrevoando a vida inconstante,
mutável o futuro ao respirar.
O equilíbrio soa atordoante,
para o desejo intenso a inspirar.


Havia um fogo denso e impressionante
queimando e retirando todo o ar,
fazendo o vôo do horizonte ali pousar.

O fogo abrasador também passeia
e o seu calor aos poucos encadeia,
aquece a liberdade pra que ela encante...

sobrevoando a vida inconstante,
mutável o futuro a se domar.
O equilíbrio soa atordoante,
para o desejo intenso de se amar.



Fábio Roberto

(2008-Melodia perdida)

domingo, 14 de janeiro de 2018

VÍRGULAS

Uma sensação de impotência
mãos vazias
grãos de areia que delas escaparam
deixando tudo áspero

pele
sentimento
paisagem
Queria acelerar os passos
mudar a história
enquadrar o destino
mas não coloquei uma vírgula no texto
Talvez por preferir a vida sem pausas
rupturas nas orações
separações em cada frase escrita
onde cada sentença uma cabeça
Queria sentenças sem dúvidas ou inflexões
que direcionassem ou ajudassem
a interpretação e o canto da minha poesia
Seria como não piscar os olhos
vendo o futuro
vivendo apenas
assim sem retorno parada ou vírgulas

Fábio Roberto