sábado, 27 de junho de 2020

CICLO NÚMERO 2

Vozes emudecidas
Violões sem cordas
Cordas sem pescoço
O cérebro amortecido após tecido o sonho
Após ter sido o sonho um sonho
Um vazio
Um imenso, profundo e solene vazio
O silencio escuta o grito
O delírio queima no ar
Copos e corpos inertes
Mortos a respirar
O brilho
Derradeiro suspiro
O futuro da morte:
O início
Fábio Roberto (musicado em 1987)


segunda-feira, 22 de junho de 2020

A PEDRA


Quantos ventos sopraram por essa pedra que jaz na rua, levando sua poeira e história para lugares muito mais próximos do que um dia eu fui?

Quantas tempestades banharam essa pedra inerte entre raios e enxurradas, lavando a sua imortalidade e afogando cada memória que por ela passou?

Quantos sons entre gritos, choros, sussurros, gemidos, suspiros, cantares, declamações, risadas, conversas e pausas silenciosas retumbaram por essa pedra?

Quantos sóis de paixão, esperança, desespero, vontade, alegria, ilusão, fracasso, fé, desprezo e pecado nasceram e apagaram frente a rotina dessa pedra na eternidade?

A barba do tempo cresceu e a erosão consumiu a vida em torno dessa pedra que tanto presenciou, mesmo sem espírito, sentimentos ou reações por ser apenas pedra, assim como hoje eu sou.

Fábio Roberto