terça-feira, 14 de janeiro de 2020

VÍRGULAS

Uma sensação de impotência
mãos vazias
grãos de areia que delas escaparam
deixando tudo áspero

pele
sentimento
paisagem

Queria acelerar os passos
mudar a história
enquadrar o destino

mas não coloquei uma vírgula no texto

Talvez por preferir a vida sem pausas
rupturas nas orações
separações em cada frase escrita
onde cada sentença uma cabeça

Queria sentenças sem dúvidas ou inflexões
que direcionassem ou ajudassem
a interpretação e o canto da minha poesia

Seria como não piscar os olhos
vendo o futuro
vivendo apenas

assim sem retorno parada ou vírgulas

Fábio Roberto


quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

O CORCEL

No Natal não houve presente
Pra miséria de tanta criança.
Confesso, eu tinha esperança
De um Noel menos indolente.

Qual o quê... Continuou canalha
Estimulando só o consumismo.
Jamais pensou em comunismo
Ou no pobre em uma mortalha.
Mas não podemos culpá-lo,
Ele é mera fantasia.
Os homens é que dão azia,
Vivendo sob anestesia.
Mas eu é que não me calo:
Sou o coice de um cavalo,
Com força e descortesia.
E como navalha, que esta poesia
Penetre as mentes até o talo.

Fábio Roberto