segunda-feira, 30 de março de 2015

O OLHAR

Quem irá entender as minhas palavras sem que passe pela cabeça que eu sou uma atitude vaga e penso sempre antes do momento existir?

Não tenho tempo para explicar o tempo do meu desgaste.

Não sou um bom amigo para beber cervejas sem falar bobagens próprias ou filosofar sobre uma frase de Thoreau.

Não sou um bom amante se não devorar a alma de quem amo e me entregar às mãos dessa amada como se ela fosse Deus.

Plantei filhos e para eles não transmiti mentiras sociais, para que pudessem colher da arte o alimento supremo na realização plena de suas vidas.

Eu sou um descasamento, sou certamente um errante. Um materializador de sonhos. Um destruidor de sonhos. Um pesadelo que fez sorrir.

Não sou um compositor de jingles, mas poderia colocar uma pimenta no seu doce de coco e vendê-lo como pipoca.

Tenho medo de dor de dente, tenho medo de dor no dedo, tenho medo de cebola.

Não tenho medo da morte, mas não a aceito agora, sem antes encontrar com o meu destino cara a cara com a faca na boca, a caneta na mão e um papel em branco para mostrar a ele que a poesia não precisa assistir ao por do sol ou a uma luta.
Ou será que um cego não pode ser poeta?

Mas não seria a morte encontrar-se finalmente com o destino?

Eu sei de tudo o que vivi ontem.
O meu ontem foi muito mais do que todas as vidas de muita gente.

Nossa, como sou arrogante!
E agora estou calmo demais.

O futuro está nos meus olhos.
O futuro está nos teus olhos.

Resta saber para onde iremos olhar.


Fábio Roberto


domingo, 29 de março de 2015

EXEMPLO

Eu sou um exemplo de homem.
Um de uma intensa mulher e só.
Os outros vulgarmente as comem,
maltratam suas peles sem dó.
Usam, abusam e somem.
Quando nasce o dia o amor vira pó.

De homem sou um modelo nobre e raro.
Um que sempre ampara a sua dama.
Os outros não deixam nada claro.
Só as querem levar para uma cama.
Dizimam-lhes o prazer como acaro.
Corações nem no eletrocardiograma.

Já eu sou incomparável como amante.
Satisfaço plenamente a minha Deusa.
Os outros querem os dotes de Bacante,
servem-nas como vinho e adorno à mesa.
Depois, em gesto ingrato e ultrajante,
oferecem-lhes a solidão como surpresa.

Eu e apenas eu sou desigual.
A minha mulher é um sorriso eternamente.
As outras, sem paixão tão surreal,
no rosto uma tristeza transparente,
no corpo uma doença terminal
e a dor de uma alma evanescente.


Fábio Roberto

domingo, 8 de março de 2015

Dia da Mulher

Uma mulher é realmente importante pra você quando ela não faz falta. Faz pênalti!

Faroberto