quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A MULHER DO BAR

Quem é essa mulher que me diz... quanto tempo!
Sorrindo me estende a mão, com jeito que existe história.
Mas onde teria ido com ela a minha memória?
Será que eu a conheço do bar, da rua, do templo?
Sentou perto querendo prosa, talvez até um meu verso.
Mas não me motiva conversa o aroma que ela exala.
Será que ela fora musa ou dama na minha ala?
Hoje o meu pensamento está turvo, submerso.
Um amigo acompanha a cena e não entende este roteiro.
É que compreendo da vida a sua eterna ambigüidade,
Encontrando no silêncio alento e cumplicidade.
Na hora em que eu canto é com voz de forasteiro.
Não sei quem é a mulher ou quais são seus sentimentos.
Não recordo se eu já toquei meus lábios em sua pele.
Quem sabe num outro dia em seu corpo me encastele
Inteiro, não assim como agora estou: fragmentos.
Fábio Roberto