sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

OVERDOSE

Tenho essa coisa compulsiva, exagerada, passional, dramática
Transbordante, imoderada, desmedida e leonina
É muita fome, é muita sede, é muita raiva e muito tesão
Ou quanta doçura, quase frescura, também fissura e destemperança
Auge do vício, além de amor ou depressão que supera o poço
Melancolia que vira alegria e é insuperável, é insuportável
Ora distância e desprezo ou tão presença que rasgou a alma
O sangue jorra e nem me incomoda, a dor transforma-se em cicatriz
Canto e aviso, mas surpreendo porque não sou o dono do meu tempo
Nem sei o quando, cheguei tão cedo que a ansiedade levou-te embora
Você está certa, ninguém precisa viver esse tanto em cada segundo
Talvez eu morra uma eternidade, mas caso eu acorde estarei sorrindo
Fábio Roberto

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

O LOUCO


Por que essa mulher me chama
de amor sorrindo assim à toa?
Deitada nua em minha cama,
espalha-se como quem doa.
Por que ela é bela, intensa e breve
tal qual no céu um relampejo?
Jamais seria brisa leve,
por tanto que se faz desejo.
Melhor esquecer-me da hora,
deixar-me ser alucinado.
Sabendo que ela vai embora,
eu aproveito o meu reinado,
pois ela vale cada instante.
Não importa o tempo, só o que existe.
Mesmo um minuto é bastante.
Paixão que é forte e além, resiste.
Só sei que ela vai... e retorna,
fazendo eu viver mais um pouco.
Seu corpo a minha alma adorna
e cura meu coração de louco.
Fábio Roberto (Musicado em novembro/2019)

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

INVERSO

Eu realizo e cumpro aquilo que eu não prometo
Porque eu te daria sublime e infinito instante
Que seria quase seria tudo e muito pouco
Perto do que poderias permitir-se além do risco
Esse que te espera e te deseja e te comove
E também te move para acima do perigo
De uma aventura que perdura quando dormes
Te consumindo inteira e o suor te encharca a pele
Que eu beberia na madrugada e para sempre
Como se beijasse a solidão que espreita a noite
Que nos ouviria o gemido e mesmo o grito
Do nosso prazer que desmedido afrontaria
Qualquer preconceito que o mundo oferecesse
Mas quem nos venceria se a paixão não permitisse?
Ou não era nada disso, era só a mão que acena
Para olhares que não mais sorriem ou lacrimejam
Frente à paisagem que perdeu o sentimento
De um compositor que recusou a melodia
Se na poesia o derradeiro verso escrito
Foi subitamente interrompido antes da vida


Fábio Roberto


IMPROVÁVEL?

Eu sei que Musa existe.
Sim, eu até a toquei.
Um belisco, leve e intenso
Um movimento dos cabelos
Acarinhando a alma
E sorrindo além do tempo

Hoje ficou o sabor do vento
Que mudou o clima e a paisagem
Do instante sonhado
Que de tão eterno e rápido
Fez-se inesquecível e talvez
Nunca tenha acontecido

Porque momentos assim nem vivi
Por mais que o sabor do beijo
Tenha se impregnado em mim
Muito mais do que o sangue derramado
No vidro que cortou meu sentimento
Cacos de paixões no elevador

Que me leva pra onde nunca saberei


Fábio Roberto
.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

AMBIGUIDADE


Quando muito sou pedaços
E cada parte é dolorida
E se sobraram espaços
São das próximas feridas

Isso não é fatalismo
É realidade que surge
Os pés à frente do abismo
Atrás uma fera que ruge

Diga, existe esperança?
Eu pulo e saio voando?
Morte não aceita fiança
Nem o inferno memorando

Tudo se passa em segundos
E demora uma eternidade
Sentimentos assim vagabundos
Revelam a ambiguidade

Se o medo é do alívio
Do fim ou da continuidade
A certeza do oblívio
Que a vida é insanidade

Fábio Roberto

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

VISÃO



Eu vi uma mulher apaixonante
E ela certamente assumiu
O meu olhar distante, dissonante
Aquele de quem quase já partiu

Talvez ela olhasse para todos
Mas era só eu quem flutuava
Os outros se chafurdavam nos lodos
Natural, a mim ela excitava

Foi rápido e tão menos do que o instante
Paixão que nenhum de nós tivera
Outrora, já e nunca ou adiante
 Morreu como morre a primavera

Fábio Roberto


segunda-feira, 2 de setembro de 2019

SINCERIDADE


SEDIÇÃO


PROVECTO


TALVEZ


PERSPECTIVAS


OTIMISMO


O GOLE


MUNDO


METADE


MELANCOLIA


C asa


BUCHAS