sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Do Livro das Letras OUTRA VIDA Leandro Henrique/Fábio Roberto

Mediunidade? Misticismo? Sintonia? Coincidência? Destino? Eu em casa construindo versos decassílabos. Leandro vindo pra casa com uma melodia com métrica semelhante na cabeça, marcando compassos e andamentos. Quando ele chega me encontra descabelado, frente ao copo de cerveja, cara de louco, dizendo ter acabado uma poesia. Leandro pega a letra, o violão, sai e volta em minutos. Canta a música cuja letra se fundiu perfeitamente à melodia imaginada por ele antes de chegar.

OUTRA VIDA (2005)
Tenho estradas nas linhas das mãos
Rios já secaram em minhas veias
Hoje tenho o tempo que quiser
Mesmo o tempo rude que se foi
Pois se no passado tanto fiz
Penso que o futuro tanto faz
Quase que desejo a solidão
Destes versos que procuram paz
Olhos pouco a pouco anoitecendo
Procissão cravada na garganta
Canto e cantarei a esperança
Mesmo se desfeita em espuma
Nunca navegar um mar tranqüilo
Quando a dor é face escondida
Ouço a prece dos desenganados
Olhos que amanheçam outra vida


(Imagem best wallpaper)

terça-feira, 26 de setembro de 2017

OBRA


Quero neste solene instante
dar um fim na minha obra
e sob a luz deste rompante
desfazê-la sem nem sobra.

Quero minhas palavras todas
devoradas pelas traças,
curtir o devaneio destas bodas,
saborear o gosto das desgraças.

Quero emudecer notas criadas,
apagar da pauta as novenas,
melodias que foram sangradas
pelo filantropo e mecenas

de artes e almas. Desespero
com a faca no peito e nas costas.
O sêmen plantado com esmero,
vingando contra quaisquer apostas.

Meus olhos de jovem cansaram.
O meu corpo de velho reclama.
As minhas histórias se deitaram
com o futuro numa cama.

Fábio Roberto

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

EXERCÍCIO DA GUERRA

Rajadas de metralhadoras são expelidas por consideradas bocas santas. As más línguas, com seus ditados impopulares, espalham a notícia. O Alfabeto traído, encurralado no beco escuro da ignorância, foi assassinado sem dó nem piedade. A escrita e a fala não mais existem. O analfa matador de aluguel grunhe um som ininteligível de vitória. Ao mesmo tempo, perto dali, nasce a Mímica.

Fábio Roberto

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

COMPOSITOR E POETA ABRE VAGA PARA MUSA

SALÁRIO: poesias e canções.

BENEFÍCIOS: amizade; aventura; emoções intensas; mergulho nos sentimentos contidos na profundeza da alma; infindáveis palhaçadas, debates filosóficos e papos artísticos; participação nos eventos da Casa do Sarau; carteirinha da Turma Braba; book mensal com as obras provocadas no período.

BENEFÍCIO ADICIONAL: acervo com mais de 400 canções e incontáveis poemas.

HORÁRIO: a combinar desde que sempre.

EXIGÊNCIAS: ser mulher inspiradora em todos os sentidos.

DIFERENCIAIS: serão considerados por olhos, coração e mente de poeta.

DURAÇÃO DO CONTRATO: enquanto houver encantamento.

RISCOS: paixão; sexo; descobrir sua loucura; virar criadora de arte; sonhar muito e não se adaptar mais à realidade; querer fugir do mundo; ter a melancolia como parceira até no momento mais feliz; ter a alegria como companheira até em um funeral; ter a vida escrita e sonorizada; não poder esquecer jamais o que passou de bom e ruim; beber a vida e desejar a morte.

INTERESSADAS: enviar contato inbox para agendamento de sarau-entrevista.


Fábio Roberto


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

SEDE

Pode a palavra apagar
Pode o canto emudecer
Mesmo se o dia dormir
Sem que haja anoitecer
Pode parar de brilhar
Uma estrela a morrer
Um rio não mais navegar
E a saudade esquecer
Nossa história
Eu lembro como se fosse agora
Cravei as mãos nas tuas costas
Deixando dor/prazer marcados
No corpo que era a minha cama
Gemidos congelaram as horas
Os gritos excitaram as velas
O fogo mordendo os lençóis
Deu Sede que bebi teus lábios


Fábio Roberto
Escrito e musicado em 2011

terça-feira, 19 de setembro de 2017

VOO

O vento na cara fecha os olhos.
O cabelo embaralha mais do que meus pensamentos.
Abro os braços...

e subitamente vôo.

Sabia que eu não era daqui.
Sentia que eu podia voar.
Como é bom este vento, isto sim é respirar.
Abro os olhos e admiro a paisagem.
É impressionante. O espaço é imenso,
mas não me sinto sozinho.
Desço vagarosamente e tranquilo.
O horizonte lá em cima é infinito
e agora tenho certeza que é possível um homem voar.



Fábio Roberto


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Do Livro das Letras NÁUFRAGO – Leandro Henrique/Fábio Roberto

O poema foi criado e enviado para Leandro, que ficou um tempo germinando a música. Certa noite, em inspiração alucinada, o compositor já ia pela metade da canção, quando foi interrompido de súbito por invasores festivos ao seu ambiente. Por insistência de Márcia Salomon que queria incluí-la no CD Minha Tribo por plena identificação, a melodia foi muito depois resgatada por mim em simbiose criativa com o parceiro, simbiose esta retratada no final da gravação pelas vozes da sereia e do náufrago em canto rasgado e emocionante.

NÁUFRAGO (2010)
Vem logo, meu poeta vagabundo
O teu é um coração de marinheiro
Navega tolas paixões pelo mundo
Mulher nenhuma o terá por inteiro

Mas põe dentro de mim um teu pedaço
Mais que a lembrança desse corpo ardente
Que ao meu encaixas com estardalhaço
Como um navio que atracou de repente

Vem logo, feito um náufrago carente
Com sede desse amor de tantos anos
Dou de beber, sou serva obediente
Aos teus caprichos, mesmo os desumanos

Só quero meu poeta leviano,
Quando estiver vazio meu travesseiro
Sentir pulsar em meu ventre cigano
Nosso menino malandro e arruaceiro

Deixe o presente, este nosso rebento,
Pois sei que para mim não voltas
Só sabes viver ao sabor do vento
E mergulhando nas ondas mais revoltas

Márcia Salomon: voz - cd Minha Tribo
Leandro Henrique: música e Fábio Roberto: música e letra
Leandro Henrique: violão e voz
Mario Aydar : violoncello
Edu Gomes: produção


Link: https://www.youtube.com/watch?v=EL8BVWYacnU

Foto: Ricardo Junior




AGORA

Antes do final da noite eu quero te abraçar
Apertado e demoradamente,
Excitado, sentimentalmente,
Mas nem um pouco fraternal.
Antes do final da noite eu quero te dar um beijo
Apaixonado, inteiramente
Carinhoso e indecente,
Como aquele que se quis e ainda não se deu.
Antes dessa noite terminar
Quero dizer te amo,
Adeus e bom dia.
Quero te olhar profundamente
Como saudade que se fora...
Antes que eu me acabe com essa noite,
Seja a madrugada
Eterna ou repentina,
Irei te amar nesse momento para sempre
E desfrutar a poesia que seria.
Fábio Roberto
(Foto Pedro Dalbuquerque)

TSUNAMI

Quem é que tem o sono se o mundo gira
E gira sem parar até em hora imprópria?
Até o corpo acorda, se levanta e pira
Após a digestão inefável de mais uma obra
Quem é que tem o sono se a vida espreita
E espreita curiosa pela hora próxima?
Até se você dorme de pijama e a peita
Após excrementar o sonho que oxida
Quem é que tem o sono se a morte ronda
E ronda serelepe a hora em que aproxima?
E se aproxima e foge e morre como onda
Após que o tsunami afogue a obra-prima
Fábio Roberto
(Foto de Clarck Little)

QUINTA

Às vezes dá vontade de deixar a alma hibernando para viajar com outra consciência pelos planos mais diversos. A alegria e o desespero estão se alternando numa simbiose poderosa que por momentos nem mais se diferenciam. E não adianta temer o futuro. Também não adianta desejá-lo. Parece que não há o que fazer com tanto por fazer.
Mergulho a consciência numa taça de vinho tinto e assobio sonhos.
Viver é tão solitário e completo quanto a Quinta Sinfonia de Tchaikovsky’s.
Fábio Roberto

sábado, 16 de setembro de 2017

Do Livro das Letras ÁGUA DE DOR

A decepção com a realidade e a constatação da amargura são aqui retratadas pelo desencontro dos olhos e do olhar, o encontro da paisagem e da dor, a perda do olhar pela paisagem e o universo dos olhos angustiados por serem a dor do olhar.

ÁGUA DE DOR (Musicada em 1983)
De onde vem?
De onde vem a dor?
De onde vem?
De onde vem o olhar?
De onde vem a dor
De olhar a paisagem
Que nunca mais verá
De onde vem o olhar?

No universo de um ato de dor
Os olhos perderam o olhar,
Que nunca mais terá a paisagem,
Que a paisagem nunca mais terá,
Mas verá os olhos sentirem a dor
De ser a dor do olhar.


Fábio Roberto

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

BOMBA

Neste mundo traiçoeiro e triste, ser feliz é uma tragédia.
Os dentes escarnecidos e sarcásticos das almas banguelas retratam o que é rastejar em âmbito inferior.
Nós, otimistas e sonhadores de existências pautadas pela sensibilidade artística, acreditamos em outras vidas, alegrias, desastres, universos, dimensões, atitudes, suicídios, nascimentos, decepções...
Ou seja, sabemos que apesar das maldades em que nos envolvem e das dificuldades pelas quais passamos, um único momento verdadeiro e absoluto de amor e paixão nos motivará a ir em frente.
Toda poesia cabe numa lágrima. Cabe também em um sorriso. Não cantamos uma coisa ou outra. Somos inteiros.
E faremos essa gente podre se torturar e sangrar quando, mesmo com o coração dolorido ou o corpo machucado, soltarmos a gargalhada sincera e retumbante que ecoará em suas mentes como se fosse a contagem regressiva de uma bomba prestes a explodir.

Fábio Roberto


DECLARAÇÃO DE DESAMOR

Não te amo.
Nem chego a te odiar.
Não sinto nada.
Desprezo totalmente a sua existência.
Aliás, você existe?
Sonhar com você seria pesadelo.
Se eu visse você passar na rua,
que imagem desagradável e fácil de esquecer.
Se eu pensasse em você teria calafrios,
ficaria completamente louco de raiva.
Sinto náuseas só de cogitar respirar o seu cheiro de gente ruim.
Imagine um abraço teu.
É mais quente o abraço de um cadáver.
Porque quem sentir calor com teu abraço,
estará no inferno queimando
e ouvindo eternamente a pior das piores músicas de letras imbecis,
tipo levanta a bundinha, abaixa a bundinha...
Por isso faço esta definitiva declaração de desamor.
Que é tua. Somente tua. Como somente teu é o meu desamor.
Entenda este sentimento intenso, exacerbado, desmedido,
mas absolutamente desprovido de qualquer paixão.
Como nunca teve vida, este sentimento não aconteceu.
Não poderá ter sido um aborto porque nem concebido foi.
É simplesmente muito além do que o maior e mais profundo vazio.

Fábio Roberto

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Do Livro das Letras TENHO FOME

TENHO FOME – Fábio Roberto 
Inicialmente nascido de uma brincadeira poética, o poema se transformou, alcançando melodia, tornando-se uma das canções mais sensuais e ousadas que já fiz, com seus versos diretos, crus, sem metáforas ou eufemismos.  

Esta música reflete o meu jeito leonino de amar: quente, delicado, agressivo, protetor, divertido, sexual, santo, pervertido, apaixonado... 

TENHO FOME (2008)
Tenho fome daquela comida
Do seu beijo, da sua mordida
Seu abraço, seu cheiro de vida
De sua língua e da doce lambida

Em mim. Uma fome sortida
De sabor, de forma divertida
Uma fome delicada e dolorida
Acesa, quente, colorida

Uma fome prevalecida
Do tesão de ver-te possuída
Uma fome profunda, parida
Da loucura santa e pervertida

Uma fome de te por assim despida
Completamente, mas totalmente protegida
E minha fome te será consumida
Pelo corpo e pela alma digerida.

Márcia Salomon: voz - cd Minha Tribo
Fábio Roberto: composição
Leandro Henrique: violão 
Pedro Ito: bateria
Fábio Roberto e Leandro Henrique: vocais
Edu Gomes: guitarra, violão de aço, baixo e produção


TERGIVERSAR

Tergiversar o verso
Ou
Tergi-versar

Poeta hesitando a palavra
Qual seja ela,
não há esquiva para uma história a ser escrita
Qual seja o motivo,
não há motivo para não versar sobre o papel vida

Tergiversei as mãos sobre os seus ombros,
mas resvalamos uma sílaba em nossas peles
Não houve subterfúgio, desculpa ou escapatória
porque foi assim

Ouve
Escrevemos o som da pele arrepiada
Enquanto as bocas tergiversavam o sentimento,
os olhos musicavam o silencio dizendo tudo

Tergiversar não faz parte da nossa loucura

E assim, in-versos sobre o mundo,
iremos nos amar
como a palavra ama um poeta ama a palavra



Fábio Roberto


sábado, 9 de setembro de 2017

TUMBA

Cansado desta poesia maldita que dilacera as palavras,
o coração e transcende à alma.

Não há como criar novas canções.
Os temas se repetiram, repetiram, repetiram
na constante perversa de uma vida e sua incógnita.

Pois, sim, existe vida após a morte.
Mas não sei o que existe antes.
Seria tudo um pensamento ou um espasmo,
 um flash, o último piscar dos olhos do tempo?

Sem resposta as musas, também cansadas desta poesia maldita
que dilacera as palavras, as canções, o coração e transcende à alma,
recolheram-se ao interior das suas asas que nunca mais abrirão.

E assim resta apenas o silêncio cinza e austero de uma tumba confortável e bela, 
onde dormirá eternamente toda e qualquer inspiração.



Fábio Roberto


sexta-feira, 8 de setembro de 2017

LUGAR

Sem amor qualquer lugar é solitário.
Seja um cemitério,
seja um berçário,
vida é resposta a qualquer mistério.
Amo. E só existe a palavra vida no meu dicionário:
caso com a morte só pra cometer adultério!

Fábio Roberto

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

TRADIÇÃO

Não chore a cerveja derramada.
Saiba, ela vai pro Santo.
Espírito que espreita em todo canto,
com a boca sedenta escancarada.

Coitado, o paraíso não tem cerva.
Bebe-se só néctar dos deuses,
ao som de líricas berceuses
e ele preferindo uma erva...

Por que foi ser honesto, sem pecado?
Agora, bar em bar caminha errante,
sóbrio, consciente, inconsolável.

Passo sem futuro, flutuante.
Prazer eternamente insaciável,
olho de zumbi, arregalado


Fábio Roberto


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

PAPO NA MADRUGADA

Sono: olá.
Eu: você por aqui?
Sono: só uma passadinha.
Eu: fica mais um pouco!
Sono: não dá (e ainda sai bocejando).
E eu, com olhos de zumbi, vejo o sono ir embora...


Fábio Roberto

PANDORA

Hoje o meu poema não é triste,
tampouco minha música alegre.
Mais rápidos que os dedos num tuíte.
Lentos quanto amor que desintegre.

Hoje é assim um quase ou quase nada,
tal como estar de fraque e ser um pária.
Fugaz como o amor que se evada.
Eterno como a voz em uma ária.

Não sei se é hoje o tempo desta história.
Sei lá se estou vivendo este agora,
ou se é um pesadelo da memória.

Pergunto ao céu se fico ou vou embora.
Não sei se é fuga, encontro, paz ou glória,
mas fecho-me na caixa de Pandora.


Fábio Roberto


VONTADE

Do Livro das Letras 

VONTADE (musicada em 1981)
Esse sentimento dá vontade
Da vontade de morrer
Esse sentimento da vontade
Dá vontade de explodir
Esse sentimento dá vontade,
Dá vontade de você
Esse sentimento da vontade
Dá vontade de sorrir,
Da vontade de viver
Esse sentimento dá vontade
Da vontade de morrer
Esse sentimento da vontade
Dá vontade de gritar
Esse sentimento dá vontade
Dá vontade de você
Esse sentimento da vontade
Dá vontade de chorar,
Da vontade de viver
Fábio Roberto

ATENÇÃO

.

Não me chame. Estou desconcentrado em outra coisa agora.

Faroberto

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Do Livro das Letras - FEITO UM CIGARRO

A paixão que consome como um vício que dá prazer e ao mesmo tempo suga toda a energia do viciado é contada pela ótica do cigarro tragado por uma mulher. A metáfora do sentimento que arde, corrói, machuca, domina e contamina. E tudo acaba em um beijo que fica gravado na memória da alma, pois o cigarro é jogado ao chão feito a paixão que se apagou.

FEITO UM CIGARRO ( Musicada em 2009)
Você fala, mas sou eu quem arde.
Sou eu que aqui na tua boca queimo
e entre teus dedos vejo como é tarde.
Eu sou um vício, te domino e teimo

em acompanhar-te pela madrugada.
Eu te percorro, feroz sentimento,
mas te esvazio após cada tragada
e contamino até o teu pensamento.

Impregnado em ti o meu odor
e o meu suor, paixão que exalei,
tu me apagas, mas não apagas a dor.

Mesmo jogado ao chão, faço-me rei.
O teu baton, consciente e sonhador,
gravou em mim teus lábios que beijei.

Fábio Roberto


ZUMBIDO

Zumbido é um grito pichado no muro. A inquietude de viver, a solidão sentida neste planeta desconhecido, a procura deste compositor por seu destino e suas paixões. A letra foi feita após perambulações pela madrugada. A música chegou forte, mas veio depois, misturando ritmos nordestinos e rock, num pulsar valorizado e destacado pelo impressionante arranjo criado por Leandro Henrique.
Só um poeta do nível do Lê para traduzir através dos instrumentos esses sentimentos descritos. E também captados pelas lentes sensíveis de Guilherme e Rafael no clipe.

ZUMBIDO (2016)
Na calada da noite
Uma noite calada
Um açoite
Uma espada
Que voa e zumbe
Na encruzilhada

Há o olho que espreita
Há o olho esperto
Há aquele que aceita
Há o outro incerto
Há o olho no escuro
Há o que vê e não vê nada

Na noite calada
Nem o apito
Do guarda

Só um grito
Pichado no muro

Fábio Roberto: composição e voz
Leandro Henrique: produção, arranjo, mixagem e masterização
Instrumentos tocados por Leandro Henrique: violões, guitarras, baixo e bateria
Clipe dirigido por Guilherme Ferraro com fotografia de Rafael Barbosa




COLECIONANDO PARTIDAS

Embevecido com a imagem mitológica de Midas, o rei que transformava em ouro tudo que tocava, eu adaptei o mítico, convertendo-o numa espécie de Midas apenas trágico, cujo toque a tudo e a todos afasta, numa ferina metáfora sobre a inexorável diáspora do ser humano em torno do amor. Um tema recorrente na minha vida e nas minhas canções. 

COLECIONANDO PARTIDAS... (2008)
De quem foi
De quem vai e vem
Quem não vem nem vai
Quem nem sai
Quem diz oi
E quem nem...
Quem que dói?
Quem que quis também?
Quem corrói?
Qual ninguém?
Quem diz tchau
E quem nem...

Colecionando Partidas
Bem Vindas
Bem Idas
Bem Vidas
Partidas
Midas
Da Dor
Colecionador
Coleciona Dor

Márcia Salomon: voz – cd Minha Tribo
Fábio Roberto: composição
Leandro Henrique: violão 6 cordas
Edu Gomes: violão 12 cordas e produção
Olívio Filho: acordeon
Pedro Ito: percussão