quarta-feira, 13 de abril de 2022

FRAGMENTO


Há momentos em que a melancolia aflora

e a fauna que habita a minha selva ruge,

se a natureza é bela, mas definha, embolora

e a necessidade de salvar a vida urge,

 

quando a minha lágrima interrompe o riso,

do palhaço que esconde a alma atormentada

e deixo-me de ser velha criança, paraliso.

O tempo é a mente lúcida fragmentada.

 

Ah... minha tristeza é quase sem motivo

ou é por tanta coisa que ainda aguento,

passando em cada dor um beijo como unguento?

 

E nasce outro poema cru, subjetivo.

Transborda uma paixão carente de adjetivo,

por ser o meu temor, encanto e alento.

 

Fábio Roberto



sábado, 2 de abril de 2022

LA PUERTA


Hoje bati meu recorde de distração. Perambulava pelo novo lar de lá pra cá e vice-verso, como faço desde os primórdios do andar, para cansar a pressa do tempo e sossegar a impaciência, ensimesmado, sorumbático e imerso em pensamentos caóticos, difusos, criativos ou poéticos que a minha cabeça desenvolvia, quando estas pernas, outrora famosas na prática futebolística até se transformarem em meros apoios de violão, se dirigiram ao meu quarto. Ao me aproximar do ambiente onde pouco durmo, mas espaço no qual processo as mais intensas e variadas atividades, algumas até me fazem suar, houve um súbito e sonoro tóóóóóiiiim...
Foi o som expressado por uma bela batida deste histórico corpinho en la puerta cerrada para mis ojos, expressão que me ocorreu na mente silenciada de imediato para uma canção que deu vontade de compor com letra em espanhol, sei lá por qual motivo.
Ouvi risos e uma voz perguntou-me se eu pensara ser apenas espírito, mas não. Sou ossos e ossos que doem não por ofício, apenas por sacrifício, como disse num antigo poema musicado.
É fato. É comprovado. É científico. Ainda não atravesso las puertas!
Fábio Roberto