segunda-feira, 22 de junho de 2020

A PEDRA


Quantos ventos sopraram por essa pedra que jaz na rua, levando sua poeira e história para lugares muito mais próximos do que um dia eu fui?

Quantas tempestades banharam essa pedra inerte entre raios e enxurradas, lavando a sua imortalidade e afogando cada memória que por ela passou?

Quantos sons entre gritos, choros, sussurros, gemidos, suspiros, cantares, declamações, risadas, conversas e pausas silenciosas retumbaram por essa pedra?

Quantos sóis de paixão, esperança, desespero, vontade, alegria, ilusão, fracasso, fé, desprezo e pecado nasceram e apagaram frente a rotina dessa pedra na eternidade?

A barba do tempo cresceu e a erosão consumiu a vida em torno dessa pedra que tanto presenciou, mesmo sem espírito, sentimentos ou reações por ser apenas pedra, assim como hoje eu sou.

Fábio Roberto



Um comentário:

  1. Haha... a pedra, eu e você, devorados pelo tempo, tipo goivados, talvez marcados mesmo... fooorça... valeu cada linha, beijo e um abração apertado. PATI JUSTINO

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