domingo, 12 de novembro de 2017

BODAS COM A LOUCURA

Quero que o silêncio paire
E assombre qualquer palavra
Que impeça que eu desvaire
Mesmo as de minha lavra
Mesmo as de outras bocas
Sejam intensas, sejam ocas
Mesmo que elas me provoquem
Que me afaguem ou me soquem
Quero que o silêncio assuste
A palavra que me ajuste
Que não deixe que eu descambe

E neste túmulo sambe
Mesmo a palavra pura
Que de um câncer seja a cura
Mesmo que definitiva
Seja amável ou aflitiva
Quero que o silêncio espante
A palavra mesmo que marcante
Mesmo a mais tranquilizante
Ou a que soe retumbante
Mesmo a que seja materna
Ou como a luz de uma lanterna
Como a de um pai pra um filho
Ou venenosa se de um deus caudilho
Quero que as palavras morram todas
E levem o meu silêncio insuportável
Festando com a loucura estas bodas
Eternas em um caixão desconfortável


Fábio Roberto

depositphotos

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