O pregador estava velho. Sua madeira amolecida quase se desmilinguia sozinha. A presilha enferrujada praticamente já não permitia que ele se sustentasse no varal. Era um esforço hercúleo. E ficava ali abandonado, sujeito às intempéries, sem prender uma calcinha, uma cueca, uma simples meia furada.
Foi então que ele olhou pra cima e viu uma luz. A luz sempre estivera ali, mas ele nunca tinha notado. Subitamente dessa energia retumbou uma voz grave, instigante e gutural que lhe falou: cumpra a sua missão!
Imediatamente, tomado pela emoção, desprendeu-se do varal e espatifou-se no chão. Dolorido, mas tomado por uma força sobrecoisa, já que não era humano, juntou os seus restos e passou a pregar palavras.
Tornou-se o mais rico, influente e respeitado pregador que já se conheceu.
Fábio Roberto
Do Livro de Textos e Crônicas
Do Livro de Textos e Crônicas
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