Estou cansado de fazer
poemas,
Eles já não mudam as
pessoas.
Nem quero buscar uma rima,
A linguagem será comum,
coloquial.
Os meus sentimentos se
dispersaram,
Tanto quanto o pensamento
embaralhou.
Tudo porque eu não
entendo mais nada,
E o que eu vejo na mesa
ao lado
É a transparência da
solidão.
O meu violão ficou
distante e calado,
Nem mesmo uma corda se arrebentou,
Deixando o ambiente sem canto
ou barulho.
E eu nunca quis mudar as
pessoas, só o mundo
E os poemas que agora não
vou mais escrever,
Por mais que a vontade
insista.
Posso até ganhar um
sorriso, um beijo,
Uma louca e tarada noite
de sexo
Com perversões que só eu pra
imaginar
E continuarei inerte,
impassível,
Sem escrever, ditar ou me
existir em palavras,
Como um bêbado que devorou
o alfabeto,
Vomitou todas as letras num
bueiro
E se esqueceu de dizer o
quanto queria
E amava desesperadamente
aquela Musa,
Antes de ficar cansado de
fazer poemas.
Só que agora não sei se
ainda dá tempo,
Se é tarde ou muito cedo
para enviar um whatsapp,
Com apenas mais um poema.
Só este, porque cansei.
Fábio Roberto
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