Quero neste solene instante
dar um fim na minha obra
e sob a luz deste rompante
desfazê-la sem nem sobra.
Quero minhas palavras todas
devoradas pelas traças,
curtir o devaneio destas bodas,
saborear o gosto das desgraças.
Quero emudecer notas criadas,
apagar da pauta as novenas,
melodias que foram sangradas
pelo filantropo e mecenas
de artes e almas. Desespero
com a faca no peito e nas costas.
O sêmen plantado com esmero,
vingando contra quaisquer apostas.
Meus olhos de jovem cansaram.
O meu corpo de velho reclama.
As minhas histórias se deitaram
com o futuro numa
cama.
Fábio Roberto
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