quinta-feira, 3 de novembro de 2022

COMUM

 

Estou cansado de fazer poemas,

Eles já não mudam as pessoas.

Nem quero buscar uma rima,

A linguagem será comum, coloquial.

Os meus sentimentos se dispersaram,

Tanto quanto o pensamento embaralhou.

Tudo porque eu não entendo mais nada,

E o que eu vejo na mesa ao lado

É a transparência da solidão.

O meu violão ficou distante e calado,

Nem mesmo uma corda se arrebentou,

Deixando o ambiente sem canto ou barulho.

E eu nunca quis mudar as pessoas, só o mundo

E os poemas que agora não vou mais escrever,

Por mais que a vontade insista.

Posso até ganhar um sorriso, um beijo,

Uma louca e tarada noite de sexo

Com perversões que só eu pra imaginar

E continuarei inerte, impassível,

Sem escrever, ditar ou me existir em palavras,

Como um bêbado que devorou o alfabeto,

Vomitou todas as letras num bueiro

E se esqueceu de dizer o quanto queria

E amava desesperadamente aquela Musa,

Antes de ficar cansado de fazer poemas.

Só que agora não sei se ainda dá tempo,

Se é tarde ou muito cedo para enviar um whatsapp,

Com apenas mais um poema. Só este, porque cansei.

 

Fábio Roberto

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