segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O PONTO

 Largar tudo e ir embora. Esvaziar gavetas, bolsos,

carteira, mente. No coração já não há nada...

Olhos fechados, sem lembranças. Ir embora sem destino,

sem violão ou caderno. Não deixar pegadas, rastro, cheiro

ou fumaça. Ausente de desejos, esperanças, raivas ou

arrependimentos. Partir subitamente, evitando explicações,

despedidas e comentários.O próximo lugar será nenhum ou

qualquer um, nem o destino me sabe. Agir assim por um tempo

indefinido até parar e apenas fluir no vácuo do pensamento.

Como se fosse um ponto que só pudesse ter sido visto pelo mais

poderoso dos satélites, no exato instante em que sumia e deixava 

um vago espaço.


Como se nunca tivesse existido absolutamente nada ali.

 

Fábio Roberto



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