sexta-feira, 2 de junho de 2017

AMAR

Eu penso que amar é para fracos
que se despedaçam em cacos.
Gente que precisa de muleta
pro coração
não ficar jogado na sarjeta
da emoção.
Gente que se vê sem par
e logo corre pro bar
para afogar mágoas,
onde garrafas viram taboas
de náufragos num mar
de solidão.
Abandonam até o lar
na imensidão
de uma tristeza tão dolorida,
maior do que cabe na vida.

É por isso que sou forte
e não amo. Amor é morte.
Vou ao bar beber sem agonia.
Não importa se estou só,
pois mais dia menos dia
todos viraremos pó.
Resistirei, então, eterna e bravamente
a este sentimento
vagabundo, podre e insolente
que me ataca neste momento,
tirando dos meus olhos a cor:
a vontade de amar-te desesperadamente,
como se condenado fosse ao amor.
O que me mataria certamente,
como um inseto mata uma flor.

Devorando-a inteira e lentamente.


Fábio Roberto

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