sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

SÉRIE POEMAS

BODAS COM A LOUCURA

Quero que o silêncio paire
E assombre qualquer palavra
Que impeça que eu desvaire
Mesmo as de minha lavra

Mesmo as de outras bocas
Sejam intensas, sejam ocas
Mesmo que elas me provoquem
Que me afaguem ou me soquem

Quero que o silêncio assuste
A palavra que me ajuste
Que não deixe que eu descambe
E neste túmulo sambe

Mesmo a palavra pura
Que de um câncer seja a cura
Mesmo que definitiva
Seja amável ou aflitiva

Quero que o silêncio espante
A palavra mesmo que marcante
Mesmo a mais tranqüilizante
Ou a que soe retumbante

Mesmo a que seja materna
Ou como a luz de uma lanterna
Como a de um pai para um filho
Ou venenosa se de um deus caudilho

Quero que as palavras morram todas
E levem o meu silêncio insuportável
Festando com a loucura estas bodas
Eternas em um caixão desconfortável


Fábio Roberto

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