segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

SÉRIE POEMAS

MEMÓRIA


Se por vezes tu me olhas e não sabes quem eu sou,
que importa?
Tantas vezes eu não me soube.
Se não me reconheces um dia,
qual o problema?
Reconheceste quando eu nem ainda tinha dado por mim.
Não me arrepiam os teus olhos indiferentes por momentos,
se os meus pouco estiveram por aqui.

Vez em quando tu vais, tu voltas, tu vais, tu voltas,
exatamente como os meus pensamentos sempre fizeram.
Distanciar-se daqui para o mundo real dos sonhos e das almas
é somente para poetas.

Entendo o teu cansaço deste mundo.
Cansei muito antes de ti.
Mas como sempre esperaste por mim,
eu fiquei.
Portanto, também sempre esperarei o teu retorno.

O que é a memória?
Saudade? Presença? A mão que aperta o nosso medo.
A nossa memória, na verdade, só existe fora de nós.

Não sei se um dia deixarei lembranças boas,
tu deixarás.
Eu, de pequena obra sonorizada, meras palavras.
Tu, a grande obra de nos ensinar a viver,
reverencio de olhos fechados e longe,
muito longe daqui.

                                                           Fábio Roberto

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