quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

SÉRIE POEMAS

MIRAGEM

O tempo não foi complacente hoje
Nem pretendia. Nunca o será.

O tempo, sem pressa e rápido, me foge.

Descortinará
As pálpebras.

Álgebra
Somando o vazio
Com o psiu
Solitário na madrugada.

Lua estatelada
No céu
Escuro.

Véu
Que cobre o muro
Onde meu carro, imaginando não mais ser matéria,
Encontrará o impacto da realidade crua.

Pior teria sido cortar a artéria
Nua
Do pensamento, antes que a hora passasse
Sem que minha alma se costurasse
À tua.

A rua
Bebe insaciável o meu vinho
E me engole toda dor.

Vinho, derramado vinho. Adivinho
Qual a dor.

Sorrio ao tempo e lhe digo:
Tu e eu somos eternos,
Caro amigo.

O tempo me abraça forte e terno
E desaparecemos dos nossos olhos feito miragem.
Fumaça, névoa, neblina que o vento dispersou na paisagem.

Fábio Roberto

2 comentários:

  1. Nossa, que lindo! Pegou na veia do pensamento. Arraso... não lembrava desse... Ao meu ver, totalmente musicável. Será?

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