sexta-feira, 27 de abril de 2018

DERRADEIRA CHANCE

Uma chance a mais... eu não a quero.
O que faria eu com outra chance?
Nada mais me resta, nada espero.
É impossível que alguém me alcance.
Ninguém desejo, nem vou amar.
Olhos meus sempre estarão fechados,
lágrimas secando a beira-mar
e aos horizontes desesperados.
Recuso outra chance, eu não preciso.
Cansei de cair nas madrugadas,
procurar beleza num sorriso
e beijar as bocas desalmadas.
Amar só serviu pra poesia
tornar-se pungente, melancólica,
perdida, enlouquecida, vazia.
Solitária, mas também simbólica.
Desprezo maldito sentimento,
tão bonito que ainda ressoe
em céus azuis, levado no vento.
Mas não o sabemos: por que foi
o nosso amor morrer de repente,
pra nem mesmo haver em outra vida
derradeira chance refulgente?
Restou-nos o sabor da partida.
Fábio Roberto
Do Livro dos Poemas

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