terça-feira, 7 de agosto de 2018

ALCEU VALENÇA

Fabiografia Parte 9
CAPÍTULO 99 - OS SHOWS DA VIDA
A terceira estória:
ALCEU VALENÇA
Décadas atrás li num jornal uma pequena matéria sobre um cantor nordestino que havia percorrido o centro de São Paulo de megafone, divulgando o seu show que aconteceria num teatro da Avenida São João. A sua primeira apresentação não tivera público, então o artista foi à luta. Isso ficou na minha cabeça porque Alceu Valença havia me impressionado num festival da TV Globo com a música “Vou Danado pra Catende”, onde a crítica especializada o apelidara com sua banda de Pink Floyd do Sertão. Quando soube que ele se apresentaria no Teatro Equipe, um dos espaços musicais que frequentávamos assiduamente, eu chamei Titi Trujillo, Jairo Medeiros e fomos lá.
O diminuto teatro estava lotado e foi uma apresentação performática e musical memorável, ousada e bem humorada. Alceu chegou até a tentar construir uma “obra” empilhando cadeiras de madeira, que obviamente foram todas ao chão. Passamos a acompanhar por anos esse grande artista, até que a fama o tirou dos espaços alternativos da cidade.
Mas antes disso fomos a um show dele no Tuca. Chegamos cedo, mas aos poucos a enorme fila na entrada foi se avolumando e as pessoas se aglomerando ao ponto de ficarem literalmente grudadas umas nas outras. Em um momento bem sufocante eu fiquei entre duas garotas desconhecidas e não havia como nenhum de nós nos mexermos. A menina de trás me encoxava tão colada que eu sentia a sua respiração quente e sua boca resvalando no meu pescoço. E eu encoxava a moça da frente já quase me excitando com a involuntária, mas prazerosa situação. Até que a jovem, com extremo bom humor, virou a cabeça de lado, sorriu graciosamente e falou pra quem quisesse ouvir: - o chato é que aqui está tão apertado que nem dá pra sentir tesão! Saudades daqueles shows do Alceu...
Fábio Roberto

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