domingo, 13 de maio de 2018

MIRAGEM

O tempo não foi complacente hoje
Nem pretendia. Nunca o será.
O tempo, sem pressa e rápido, me foge.
Descortinará
As pálpebras.
Álgebra
Somando o vazio
Com o psiu
Solitário na madrugada.
Lua estatelada
No céu
Escuro.
Véu
Que cobre o muro
Onde meu carro, imaginando não mais ser matéria,
Encontrará o impacto da realidade crua.
Pior teria sido cortar a artéria
Nua
Do pensamento, antes que a hora passasse
Sem que minha alma se costurasse
À tua.
A rua
Bebe insaciável o meu vinho
E me engole toda dor.
Vinho, derramado vinho. Adivinho
Qual a dor.
Sorrio ao tempo e lhe digo:
Tu e eu somos eternos,
Caro amigo.
O tempo me abraça forte e terno
E desaparecemos dos nossos olhos feito miragem.
Fumaça, névoa, neblina que o vento dispersou na paisagem.

Fábio Roberto

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