sábado, 14 de outubro de 2017

DEPOIS

Perambulei pelas planícies da morte,
mas editarei este poema em brusco corte.
O início: movimento sorridente.
Longe de ser boca de um indigente.

A cena vista de cima, horizonte.
Em plano americano, pilares de ponte.
O zoom não disfarça na cara a ruga.
A câmera de olhos fechados, fuga.

A imagem vista de baixo, pernas andando.
Quando sentida por dentro, sangrando.
Imaginada na fonte do etéreo, aroma.
Vivida pela crueza do eterno, coma.

O melhor é ver a filmagem de lado.
Em qualquer sequencia, um ar desesperado.
Passear este filme por tanta imundície,
sem focalizar no fim que ali estava a planície.

A planície. A planície. A planície.


Fábio Roberto

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