sexta-feira, 20 de outubro de 2017

INSPIRAÇÃO

A inspiração sempre se esconde. Faz-se de difícil.
No início é sempre recatada. Sabemos que é bela e cheia de mistérios. Ela não mostra as suas pernas, somente os tornozelos. Deixa ver parte, só partezinha de uma linda tatuagem em seu corpo.

Chega de repente, sem pedir licença. Invade e domina a cena. Toma conta inteirinha de nós, que cremos de imediato a possuirmos completamente. Em vão.

Ri muito gostoso um riso cheio de sensualidade quando ficamos desesperados, sem jeito, tímidos com um papel em branco a nossa frente. Ou com o violão emudecido encostado num canto.

Provoca-nos. E quando a gente acredita tê-la nas mãos, escapa-nos sutilmente. Aí a gente a pega forte novamente, pensando que finalmente a dominamos. Olhamos profundamente dentro de seus olhos e ela com um jeito maroto nos fala: sou tua!

Ah... isso dá uma coisa na gente. Soltamos tudo o que temos de melhor dentro de nós acreditando nessas palavras. Compomos músicas, sinfonias. Escrevemos poemas, livros. Aprendemos a dançar um verdadeiro balé. Tornamo-nos românticos, delicados, atenciosos, líricos, sensatos, calmos, compreensivos e muito mais humanos.

Trabalhamos elucubrando as nossas criações mais loucas sem parar. As nossas obras primas ficam prontas cada vez que isso acontece.

Mas esquecemos de tomar cuidado e toda vez a estória se repete. Toda vez acontece o mesmo êxtase e o mesmo sofrimento.

A inspiração é mulher.


Fábio Roberto


Nenhum comentário:

Postar um comentário